A natureza, o ar puro e Marialva entram aos poucos dentro desta “casa”. Única, ecológica e “portátil”, está inserida num ambiente onde a sombra refrescante de carrascos e sobreiros joga com a vista sobre a Aldeia Histórica do concelho da Mêda. Estamos na suite eco-sustentável dos Bogalhais, a mais recente aposta da Casas do Côro – Turismo de Aldeia.
«O nosso objetivo foi trazer um produto completamente novo, descomprometido, que está fora da zona do hotel e que se instala num cenário de natureza pura», explica o proprietário, Paulo Romão. O sítio escolhido foi a zona dos Bogalhais, à entrada de Marialva, lugar onde a terra batida, as árvores e as fragas se interligam em perfeita comunhão com a pequena casa forrada a madeira, que quase parece ter “nascido” ali. «Agora que olhamos este novo produto, parece-nos que esteve sempre cá e que as outras coisas vieram depois», reconhece o empresário, acrescentando que o objetivo era precisamente o de não interferir com o meio envolvente, mas sim integrar a suite em harmonia com a paisagem, sem destoar. Para reduzir o impacto ambiental, este alojamento reduz em 72 por cento o consumo de água e energia, além de dispor de painéis solares integrados e de quase todos os materiais utilizados, tanto na construção como no interior, serem reciclados.
Como em quase tudo o que é sustentável, o investimento numa suite desta natureza é avultado e rondou os 80 mil euros. No interior, há 36 metros quadrados de experiências. Num design de Tomás Alía, os tons claros – que caminham entre o azul e o branco – inspiram tranquilidade. Uma cama de casal, um sofá, livros pousados sobre as mesas, uma banheira a lembrar os tempos antigos, uma janela que mostra um jardim. Num móvel branco, abrem-se gavetas de possibilidades: a da literatura que permite aos hóspedes conhecer obras sobre a aldeia e o concelho, a do passeio que oferece os utensílios necessários a uma caminhada (bengalas, binóculos e bonés…) ou a do chá que guarda sabores. Na suite eco-sustentável dos Bogalhais, o interior quase nunca se dissocia do que está lá fora. Afastadas as cortinas, surge Marialva: o castelo, as casas de pedra, o verde das árvores a contrastar.
Num pequeno estrado de madeira, uma mesa convida os hóspedes a desfrutar da vista. Aqui, o final de tarde parece ser o melhor dos lugares. À direita, o terreno eleva-se e surge um pequeno recanto com espreguiçadeiras, onde o conforto convoca à fruição de mais um pedaço da aldeia.
Conservar a natureza, dando-lhe utilidade
A ideia de incluir a suite neste local surge também da necessidade de dar uma utilidade a espaços que anteriormente não tinham grande aproveitamento. «As pessoas conseguem tirar partido de uma zona que estava por limpar e isso dá-lhe uma nova vivência porque está mais protegida e vigiada», refere Paulo Romão. O empresário não esconde que existe também uma preocupação com o risco de incêndio, sobretudo nos meses de verão, e, por isso, garante que toda a envolvente tem de estar sempre limpa. «A preservação é muito mais fácil de fazer quando há fruição do lugar», considera. A suite eco-sustentável recebeu, no último sábado, os primeiros hóspedes. Uma noite nesta “casa” custa 195 euros ao casal (época alta) e 180 em época baixa. Segundo Paulo Romão, os primeiros tempos de vida desta suite estão a ser positivos, uma vez que já têm «um volume de reservas muito interessante entre os meses de agosto e outubro». Se o conceito funcionar, o proprietário das Casas do Côro admite fazer «réplica de mais quatro ou cinco suites com o mesmo enquadramento, noutros locais igualmente mágicos».
Catarina Pinto