Uma grande família em palco

António Pedro Faria, Isabel Campos e os seus sete filhos são os protagonistas de “9 portas para o mundo”, um espetáculo de teatro musical que tem estreia agendada para as 21h30 de sábado no grande auditório do Teatro Municipal da Guarda. Este projeto original conta com o envolvimento de amadores e profissionais e surge no seguimento do curso de teatro musical promovido pelo Conservatório de Música de São José da Guarda, TMG e autarquia.

A sinopse indica que “9 portas para o mundo” retrata uma família atual atingida pela crise. Sem solução para manter uma família numerosa, o pai vê-se na obrigação de emigrar. Confrontados com esta situação, os seus sete filhos decidem fazer alguma coisa para conseguir dinheiro e comprar passagens para todos, e assim, não se separarem. A peça não foi diretamente inspirada no quotidiano desta família que chegou à Guarda há dois anos, mas Isabel Campos não esconde que «a história é atual» e «bate à porta de muitas famílias no contexto social e económico em que vivemos e é claro que, numa família numerosa como a nossa, ainda mais». Farmacêutica de profissão, a guardense de 49 anos fez uma pausa na atividade para regressar à sua terra natal depois de ter estudado em Coimbra e residir na Figueira da Foz. Há dois anos instalou-se numa quinta da família em Alfarazes juntamente com os seus sete filhos e o seu companheiro António Pedro Faria, um lisboeta de 59 anos que esteve exilado em França e viveu nos Estados Unidos durante 36 anos. Ao casal, juntam-se no palco a Carolina, de 21 anos, a Joana de 18, o Rodrigo de 17, a Bruna de 15, o Hugo de 13, a Iris de 11, o Dinis de 9 – os sete filhos de Isabel – e ainda Jessica Sousa, Joana Jorge, Madalena Fonseca e Rita Pereira, que também frequentaram o curso de teatro musical.

António Pedro Faria explica que “9 portas para o mundo” é «um projeto nosso que foi levado até à Antónia Terrinha [responsável pela dramaturgia e encenação] que o achou interessante» e a partir daí desenvolveu a história de uma família numerosa «em dificuldades, em que o pai vai ter que emigrar por razões económicas». Após ter recebido o aval da guionista, o patriarca da família dirigiu-se ao Conservatório de Música de São José onde explicou que tinha «um projeto giro, que gostaríamos que a orquestra participasse e foi então que eles decidiram organizar o curso». António Pedro Faria frisa que «um projeto destes com pessoas amadoras é para três, quatro meses de ensaios contínuos e nós começámos a ensaiar há 15 dias, mas estamos convictos que, com o esforço de todos e o entusiasmo dos miúdos, vamos fazer algo que, mesmo sendo minimalista, vai ter qualidade e as pessoas vão gostar». O “ator” que vai desempenhar o papel de pai considera que «se não fosse o trabalho» desenvolvido pelo seu filho Bruno C. Faria, residente nos Estados Unidos, na composição musical durante um «intensivo mês de trabalho», o projeto não teria acontecido porque o mesmo gira «à volta da música».

Os últimos dias têm sido «caóticos» com ensaios «de manhã, tarde e noite», mas António Pedro Faria acredita que esse esforço vai ser recompensado na noite de sábado, pois «queremos transmitir alegria às pessoas», assegurando que «não fazemos aqui nada por narcisismo, vaidade ou presunção». Entre as atrizes, Carolina Campos, a filha mais velha, revela que a experiência «está a ser ótima», pois «sempre» sentiu «curiosidade por este lado do teatro e finalmente estou a ter esta oportunidade». Por seu turno, Jéssica Sousa, uma das “intrusas”, também está «feliz por ter esta chance de participar num projeto tão grande», indica a jovem de 14 anos, de Celorico da Beira.