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Um solar vanguardista para os vinhos da Beira Interior

A nova sede da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior já está a funcionar no jardim do Solar Teles de Vasconcelos. A obra marca a ambição de capitalidade da Guarda, cuja autarquia está também a concluir a construção da sede da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela.

Os vinhos da Beira Interior ganharam um novo palco com a vanguardista sede da Comissão Vitivinícola Regional (CVRBI) construída na zona histórica da Guarda. O edifício projetado pelo arquiteto Jorge Palma foi inaugurado no 25 de Abril pelo ministro da Agricultura e é sinónimo da pujança do setor numa região cada vez mais presente no mercado nacional e estrangeiro.

O Solar dos Vinhos da Beira Interior foi erigido de raiz no jardim do Solar Teles de Vasconcelos, mais conhecido por “Quintal Medroso”, junto à Praça Velha, e vai centralizar todos os serviços da CVRBI, nomeadamente salas de provas e de certificação de vinhos, laboratório e um espaço para venda. A empreitada custou mais de meio milhão de euros, equipamentos incluídos, e resultou de um protocolo entre a autarquia, que construiu o edifício, e a Comissão Vitivinícola. «Esta data é um marco para os vinhos da Beira Interior, que vão ter neste solar uma alavanca para a sua promoção e afirmação», afirmou João Carvalho, presidente da CVRBI, para quem é agora possível «acolher quem nos procura com a dignidade que a região merece». No seu discurso, o responsável, também produtor na Quinta dos Termos, recordou a evolução do setor na região, que tinha 15 produtores no início do milénio e conta agora 60. «A Beira Interior tem atualmente 16 mil hectares de vinha e produz mais de 100 milhões de litros de vinho por ano, que geram cerca de 500 milhões de euros. Com um aumento de dez por cento por ano, somos uma das regiões que mais tem crescido em termos de vinhos certificados e também de exportações», revelou João Carvalho.

O presidente da CVRBI assumiu que pretende tornar a viticultura «como a principal atividade económica agrícola» da Beira Interior e prometeu continuar a apostar na participação em certames nacionais e estrangeiros. João Carvalho anunciou ainda que o próximo projeto é criar a Rota dos Vinhos e Enoturismo da Beira Interior e agradeceu o empenho de Álvaro Amaro na construção da nova sede da CVRBI, sublinhando que sem o autarca guardense «esta obra não existiria». O edil – que em 1993, quando era secretário de Estado da Agricultura, inaugurou as antigas instalações da Comissão Vitivinícola na cidade – devolveu o elogio e considerou que a cidade «beneficiou com este acordo com a CVRBI» ao permitir a instalação dos seus serviços no centro histórico. «A seguir ao Verão haveremos de inaugurar a sede da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, onde haverá um Solar dos Sabores que “casará” bem com este Solar dos Vinhos», acrescentou Álvaro Amaro.

De resto, com estas duas sedes regionais, o autarca não escondeu também alguma ambição para a Guarda quando houver regionalização. «Depois logo se verá», ironizou. Já o ministro da Agricultura começou por dizer que o setor vitivinícola está a passar por «um momento de prosperidade» e é a «“joia da coroa”» da agricultura portuguesa. «O país fez um trabalho notável na reestruturação da vinha, na seleção e melhoria das castas, na organização dos produtores, na criação das Comissões Vitivinícolas Regionais, na vocação exportadora e no investimento na agroindústria», afirmou Capoulas Santos. O governante lembrou, nomeadamente, que «só nos primeiros dois meses deste ano as exportações de vinhos aumentaram 15 por cento», mas alertou que é preciso apostar no valor porque «os nossos vinhos são de inequívoca qualidade». A CVRBI abrange as zonas vitivinícolas de Castelo Rodrigo, Pinhel e Cova da Beira, nos distritos de Guarda e de Castelo Branco.

Coube à presidente da Assembleia Municipal da Guarda fazer o discurso sobre o 25 de Abril na cerimónia de inauguração do Solar dos Vinhos da Beira Interior. Cidália Valbom lançou o desafio para uma “nova revolução” em defesa do interior que deve ser feita com «coragem» a partir dos poderes centrais.

Passados 44 anos, «o desenvolvimento do país, particularmente a sua assimetria, deve envergonhar-nos», começou por dizer, constatando que, comparativamente ao resto da União Europeia, o país cresce «pouco e de forma desigual». Mas se é assim externamente, internamente «todos os indicadores socioeconómicos e demográficos entre interior e litoral fazem-nos corar», disse Cidália Valbom, que desafiou Capoulas Santos a fazer a «revolução» no seu ministério. «Constata-se que mais de dois terços das atividades/ produção agrícolas estão no interior e que mais de dois terços da despesa em quadros está no litoral. A correção destas assimetrias, como em tudo, só tem dois caminhos: o “status quo” ou, em alternativa, fazer a mudança», afirmou a presidente da Assembleia Municipal da Guarda.

Luis Martins Edifício projetado por Jorge Palma será «uma alavanca» para a promoção e afirmação dos vinhos da Beira Interior, afirmou João Carvalho

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