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«Um projecto tem a ver com uma necessidade»

Crespo Carvalho não considera a sala de espectáculos uma «prioridade»

«Quando se elabora um projecto como este tem de se ter um objectivo claro, não podemos dotar a cidade de uma infraestrutura sem averiguar primeiro da sua necessidade». Para Crespo Carvalho, vereador do PSD na Câmara da Guarda, a construção da futura sala de espectáculos da cidade é um trabalho «mal conduzido» desde o início. «A câmara começou pelo fim, elaborou o projecto e está agora à procura de um objectivo específico para a sala de espectáculos», acusa.

Para o vereador, a autarquia resolveu «aproveitar um ensejo do Ministro da Cultura e criou o projecto sem definir valências e necessidades que garantissem uma gestão eficaz», quando este tipo de iniciativa deveria ter sido «gerida pelo departamento cultural do município», defende Crespo Carvalho, para se aproveitarem recursos humanos e materiais disponíveis. Paralelamente, a «inexistência» de um objectivo claro que defina as valências e necessidades da sala de espectáculos, bem como a revisão do projecto por outras entidades culturais, poderá «comprometer» a gestão e o futuro do equipamento. O engenheiro garante que, do ponto de vista prioritário, este projecto «não faz tanto sentido» como faria, por exemplo, a recuperação do centro histórico da Guarda. «Cuidar da nossa história teria um impacto cultural mais importante. Mas tudo se resume a uma questão de prioridades: primeiro, há que estabelecer um objectivo claro para o projecto e, segundo, rentabilizar os recursos que já existem, pondo-os a trabalhar neste mesmo projecto», sublinha.

Contudo, Crespo Carvalho receia que a sala de espectáculos possa ter um «futuro negro e viver de uma taxa de ocupação razoável», uma realidade «herdada» de uma programação cultural camarária «razoavelmente diversificada e rica, mas a carecer de uma mudança radical». A dúvida de que a sala possa dirigir-se apenas para um segmento cultural mais elitista e deixar de lado um tipo de cultura mais popular também mereceu a atenção de Crespo Carvalho, para quem o problema da falta de dinamismo e criatividade da programação cultural do município não está nas suas estruturas culturais: «Sei que muitas propostas de Américo Rodrigues têm sido chumbadas, o que impossibilita a diversidade necessária, mas a forma como esta sala foi concebida está mais vocacionada para pessoas que estão habituadas a níveis de cultura mais sofisticados e não na linha do que é preciso fazer-se», refere.

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