Um dos participantes na exposição “À descoberta de talentos”, promovida recentemente pela ADoT – Associação Desenvolver o Talento na cidade, foi Felizardo Valério, escultor de peças em madeira. Contudo, o artista de 49 anos apenas se dedica a esta paixão nos tempos livres, uma vez que a nível profissional é agente da Polícia de Segurança Pública no comando da Guarda.
Natural da freguesia de Videmonte, conta que começou a trabalhar em mármores, até ter ingressado na PSP em 1986. Passados seis anos é que regressou à Guarda e foi aí que começou «a desenvolver o gosto pela arte de trabalhar a madeira», sendo que «já em pequeno» fazia alguns dos seus brinquedos com um «pequeno canivete». Felizardo Valério explica que «quando tinha um bocadito livre» entre o trabalho por turnos começou a «fazer coisas em madeira» para a sua casa e o resultado deixou-o «satisfeito». «Saíram coisas engraçadas e sempre era uma forma de fazer uma coisa útil para ocupar o tempo, para além de ser um bom alívio para o stress», sublinha. O escultor relata que já fez diversas exposições ao longo dos anos e em vários pontos, desde Lisboa, Peniche, Guarda até à sua terra-natal. «Para já» não pensa em vender as suas autênticas obras de arte, até porque se trata de um «tipo de trabalho muito delicado», que «exige muito tempo» e que tem «de ser feito devagar». As madeiras com que mais gosta de trabalhar são a nogueira, faia, carvalho e castanheiro. Os seus instrumentos de trabalho são, essencialmente, os formões, canivetes e lixa.
Questionado sobre a forma como os companheiros de esquadra encaram o seu passatempo, que não é muito comum entre “homens de barba rija”, Felizardo Valério garante que «a maior parte dos colegas reage bem», havendo «alguns» e até «superiores» que o apoiam «bastante». Sobre o tempo que costuma dedicar diariamente à arte de trabalhar a madeira, frisa que «não é sempre o mesmo», até porque «estas coisas não podem ser feitas sem inspiração», assegura. Entre os trabalhos que «mais gosto» lhe deram fazer, este agente da PSP aponta «um emblema do Benfica com uma águia», que levou «quase três meses a fazer», bem como um pastor que foi uma forma de «homenagear» o seu pai quando ainda tenha uma tenra idade. Na forja, está já uma réplica da Sé Catedral da Guarda.
Ricardo Cordeiro