Um em cada dez portugueses com mais de 65 anos sofre de arritmia cardíaca, potencialmente causadora de AVC, sendo que mais de um terço desconhece ter a doença e a grande maioria está mal medicada, revela um estudo.
Trata-se do Estudo SAFIRA (System of AF evaluation In Real world Ambulatory patients), que traça o mais recente retrato da prevalência e padrões de tratamento de Fibrilhação Auricular (FA) e Risco Cardiovascular na população portuguesa com mais de 65 anos, cujos resultados preliminares foram apresentados no Congresso Português de Cardiologia, que está a decorrer em Vilamoura. Os resultados apontam para um grande subdiagnóstico, já que de entre os 9 por cento dos casos em que se detetou FA (arritmia que pode provocar a oclusão do sangue na aurícula e consequente formação de coágulo, que se solta provocando AVC ou embolismo), 35,9 por cento desconheciam ter a doença.
Por outro lado, 18,6 pro cento dos doentes não diagnosticados apresentavam um tipo de FA não detetável no eletrocardiograma, sendo identificada apenas por outros exames, «o que sublinha a importância de uma investigação mais prolongada dos sintomas, nomeadamente na população mais idosa», revelam as conclusões, citadas pela agência Lusa. A par do subdiagnóstico, existe também um subtratamento, pois mais de metade dos doentes (56,3 por cento) não estavam anticoagulados e, dos que estavam, 74,2% estavam mal medicados. Para Pedro Monteiro, coordenador do Estudo SAFIRA, «estes resultados mostram os enormes desafios ainda existentes na identificação e gestão da FA e risco cardiovascular e constituem um importante alerta para a otimização das estratégias de controlo da doença e promoção da saúde neste setor da população». O estudo foi desenvolvido entre 2014 e 2015 e envolveu 7.500 portugueses com 65 ou mais anos.