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Um em cada cinco portugueses viveram em «privação material» em 2011

O último Inquérito às Condições de Vida e Rendimento do Instituto Nacional de Estatística (INE) revela que um em cada cinco portugueses viveram, em 2011, em «privação material» e 8,3 por cento em condições «muito severas».

Os indicadores de privação material baseiam-se em nove itens representativos das necessidades económicas e de bens duráveis das famílias, como não ter capacidade para pagar de imediato uma despesa inesperada, atrasos nos pagamentos de prestações ou despesas correntes, não poder fazer uma refeição de carne ou de peixe de dois em dois dias ou não ter eletrodomésticos ou telefones.

A intensidade da privação material corresponde às situações em que não existe acesso a pelo menos três destes nove itens, enquanto a privação material severa corresponde às situações em que não existem acesso a pelo menos quatro indicadores. Em 2011, 20,9 por cento dos residentes em Portugal viveram em privação material, uma diminuição face a 2010 (22,5 por cento).

No mesmo ano, 8,3 por cento da população residente enfrentou uma situação de privação material severa, vivendo em agregados familiares sem acesso a quatro ou mais indicadores. Com base na taxa de sobrelotação da habitação, que compara o número de divisões disponíveis com a dimensão e composição da família, estima-se que 11 por cento dos portugueses «viveram com insuficiência de espaço habitacional em 2011», refere o relatório.

Já quatro por cento dos portugueses confrontaram-se com «condições severas de privação habitacional» em 2011, como más condições ou falta de instalações de higiene, luz natural insuficiente ou problemas de humidade do alojamento. De acordo com o inquérito, 7,2% da população viveu em agregados com sobrecarga das despesas em habitação, tendo sido a «carga mediana das despesas em habitação de 11,7 por cento em 2011», superior à registada em 2010 (10,4 por cento).

A carga mediana das despesas em habitação e a taxa de sobrecarga das despesas em habitação são indicadores baseados no rácio entre as despesas anuais com a habitação e o rendimento disponível das famílias.

Já a proporção da população em risco de pobreza ou exclusão social – pessoas em risco de pobreza ou vivendo em agregados com intensidade laboral per capita muito reduzida ou em situação de privação material severa – baixou de 25,3 em 2009 para 24,4 por cento em 2010.

Segundo o INE, os resultados para os indicadores de desigualdade na distribuição dos rendimentos foram em 2010 superiores aos registados em 2009, todavia inferiores ao observado nos restantes anos.

Em 2010, o rendimento monetário líquido equivalente dos 20% da população com maiores recursos correspondia a 5,7 vezes o rendimento dos 20% da população com mais baixos recursos.

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