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«Um concelho que tem dois patrimónios mundiais e um vinho de qualidade»

O presidente da Câmara de Foz Côa, Gustavo Duarte, em entrevista a O INTERIOR, assume que o Festival do Vinho já é uma referência no panorama vínico nacional e que os vinhos do Douro Superior estão entre os melhores do mundo

P – Esta é a quarta edição do Festival do Vinho, quais são as expetativas?

R- As expetativas são bastante elevadas. O festival vai na quarta edição e felizmente tem vindo sempre a subir em número de visitantes. Já em número de expositores mantemos porque a totalidade dos produtores do concelho de Foz Côa e uma grande parte dos produtores do Douro Superior vêm a esta feira. Vão estar 62 expositores de vinhos, mais dez stands de sabores e quatro tasquinhas, um total 76 stands. Nos sabores regionais destaque para a amêndoa, o mel e o azeite, que, tal como no ano passado, contará com uma prova comentada. Para nós faz sentido inserir o azeite neste festival, pois é um produto de excelência da região do Douro. Todos os produtores de referência do Douro Superior vão estar presentes e por isso não podemos crescer mais. Outro aspeto importante deste festival, e que as revistas da especialidade referem, é que, mais uma vez, vamos ter os enólogos e os proprietários das vinhas, das marcas. Mantêm-se as provas comentadas de vinhos brancos, tintos e portos, mas carecem de inscrição prévia. A zona das tasquinhas também vai ter este ano ter um espaço maior e mais atraente. Teremos ainda algumas inovações, como o espetáculo ao vivo da “Filandorra” e a estreia de uma peça do Teatro do Nordeste, “As Bacantes”. Já no sábado à noite há um concerto com João Pedro Pais. Este ano, em vez do jantar vínico, temos vários almoços e jantares em várias quintas da região para os jornalistas e revendedores.

P- Quais são as quintas aderentes a estes almoços e jantares e como vão ser feitos?

R- Destina-se apenas a jornalistas e compradores. O objetivo é que quem vai escrever sobre o assunto e quem vende os vinhos nas suas lojas conheça a própria quinta para também a poder promover. Para uma melhor perceção do vinho nada melhor do que conhecer “in loco” o local onde é produzido e a maioria com uma beleza excecional. É importante para quem nos visita e é uma promoção de toda a região. As quintas aderentes são a Quinta da Ervamoira, Quinta de Castelo Melhor, Quinta do Monte do Xisto, Quinta Palato do Côa e Quinta da Leda. Este ano virão também profissionais da área dos Estados Unidos e Inglaterra.

P- Quando refere que gostava de ter mais visitantes, fala de que visitantes?

R- Profissionais, estrangeiros, mas também do público em geral. Este ano duplicámos o número de convites e temos tido procura de muita gente. Embora ache que já temos um público fiel ao certame, ainda só vamos na quarta edição e há pessoas que ainda não se aperceberam deste festival que, em termos de qualidade, é uma referência, eu diria mesmo internacional. Este ano estamos também a fazer animação nos concelhos à volta para fazermos a divulgação. Há ainda um colóquio, há semelhança de outros anos, que terá com o tema “O vinho e o turismo no Douro Superior”, com António Barreto como orador e decorre no sábado de manhã.

P-Quantos vinhos vão estar a concurso?

R- As inscrições já estão fechadas e temos perto150 participantes, sendo a maioria tintos. Há também vinhos brancos e, em menos quantidade, portos. Esgotadas já estão as provas comentadas, os almoços e as presenças nos colóquios.

P- O Festival de Vinhos significa o quê para Foz Côa?

R- Para além de um certame que divulga os vinhos da região, pode também significar a promoção de um concelho que turisticamente continua a querer chamar gente porque tem dois patrimónios mundiais, um vinho de qualidade, as quintas e a natureza para visitar. O fundamental é a promoção deste concelho e desta região através de um dos seus produtos de excelência que é o vinho. No fundo, estamos a promover a marca e os vinhos, mas essencialmente estamos a promover esta região e assim a fazer com que cada vez haja mais pessoas interessadas em conhecer Foz Côa. Este festival acaba por ser dois em um, é a promoção de um produto e ao mesmo tempo do território. Um dos veículos mais importantes para a promoção deste concelho é definitivamente o vinho porque é inquestionável a excelência do produto, e também por isso, este ano talvez possa haver um maior volume de público em geral, pois a Wine Spectator distinguiu três vinhos de Foz Côa entre os melhores do mundo.

Três dos quatro melhores vinhos do mundo estão em Vila Nova de Foz Côa

P- Enquanto presidente de Vila Nova de Foz Côa, como se sentiu ao ver que a Wine Spectator colocou três vinhos entre os quatro melhores do mundo?

R- Foi uma alegria imensa, mas não uma surpresa total se formos ver os “campeonatos” anteriores, em que estávamos quase sempre representados no top 10. O vinho do Porto Vintage Dow´s 2011, do grupo Symington, é o primeiro classificado na lista de 2014, em terceiro o tinto Chryseia 2011 Prats & Symington e o quarto lugar pertence ao tinto Quinta do Vale Meão (2011), de Francisco de Olazabal. A par desses, temos outros de referência e bem colocados em concursos internacionais. Este ano foi um ano excecional. Estes vinhos vão estar no festival, não vão ser apenas os vinhos médios, mas os de topo também. As gamas mais altas também vão estar a concurso.

Três dias de festa em Foz Côa

Ao longo dos três dias haverá apresentações de teatro, colóquios provas comentadas entre outras atividades.

A festa começa às 17 horas de amanhã com a peça do Teatro do Nordeste. Mais tarde terá lugar uma prova comentada “Grandes brancos do Douro Superior”, pelo jornalista da Revista de Vinhos, João Paulo Martins. O primeiro dia termina com novo espetáculo de teatro, a estreia de “As Bacantes” do Teatro do Nordeste. Já no sábado terá lugar o concurso de vinhos do Douro Superior e o colóquio “Vinho e Turismo no Douro Superior”, com Fernando Melo (jornalista da Revista de Vinhos), o sociólogo António Barreto e o relato de casos de sucesso como as Casas do Côro, com Paulo Romão; a Quinta da Ervamoira e a estratégia da Ramos-Pinto; e a Quinta Vale d’Aldeia, com José Eduardo Conceição. Durante a tarde sábado haverá mais duas provas comentadas, “Azeites do Douro Superior”, por Francisco Pavão; e “Grandes Tintos do Douro Superior”, novamente e com João Paulo Martins. A noite termina com um concerto de João Pedro Pais às 22 horas no pavilhão da ExpoCôa.

No último dia terá lugar a última prova comentada “Portos do Douro Superior”, com o jornalista da Revista de Vinhos, Luís Antunes. Ao longo dos três dias da feira, haverá almoços e jantares em algumas das quintas da região para jornalistas e compradores da área.

Parque Temático

A intenção de criar um Parque Temático em Vila Nova de Foz Côa não está esquecida. Neste momento já estão terminados os estudos preliminares (mercado, conteúdos, localização, modelo) e a autarquia procura agora investidores que se queiram associar para poderem avançar com o projeto definitivo. Para Gustavo Duarte, esta será mais uma alavanca para promover o concelho e que o faz acreditar num «futuro promissor».

Luis Baptista-Martins

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