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Um carro mítico

O 2 CV é hoje um carro de antologia, um modelo mítico da Citroen que fascinou gerações pela sua robustez, versatilidade e sentimento de liberdade.

Tudo começou em 1936, quando Pierre Boulanger, diretor-geral do construtor francês, regressou da província com uma ideia simples, a de criar um automóvel que pudesse substituir o cavalo e a carroça para que os agricultores se tornassem potenciais clientes da Citroen. Bastava para tal proporcionar-lhes uma forma simples e barata de transporte, tão simples como quatro rodas e um chapéu-de-chuva. Em Paris, Pierre Boulanger desafiou os engenheiros a criarem um carro que fosse capaz de transportar uma cesta de ovos através de um campo de terra arada sem partir nenhum e que ele – um homem alto – deveria poder sentar-se confortavelmente usando um chapéu. Os técnicos criaram então um inovador sistema de suspensão flexível, em que as quatro rodas estão montadas sobre braços compridos, ligadas à mais simples forma de molas e barras de torção. Foi quanto bastou para lhe conferir a elasticidade e estabilidade necessárias para que o veículo passasse com facilidade o “teste” da cesta de ovos.

Já a ideia do chapéu-de-chuva inspirou o estilista italiano Flaminio Bertoni, autor da inconfundível carroçaria. O “Deux Chevaux”, assim batizado porque esta era a potência fiscal mais barata em França, estava pronto em 1939, mas a guerra adiou a sua comercialização. Quando foi finalmente apresentado no Salão Automóvel de Paris em 1948, o carro tinha sofrido algumas alterações mecânicas e era mais atraente. Mas a simplicidade manteve-se: o teto era de lona, as janelas laterais fixas com portinholas para ventilação e para se poder sinalizar as manobras manualmente, os bancos podiam ser retirados para aumentar o volume de carga.

Um carro simples e prático que fez história, tendo sido comercializado pela Citroen até julho de 1990, naquela que é uma das mais longas carreiras da história automóvel. Para alimentar um mercado em constante evolução e cada vez maior, a marca francesa deu-lhe mais potência, cores mais brilhantes e modelos exclusivos. Ao todo foram construídos 5.114.940 exemplares deste automóvel símbolo de liberdade, sem pretensões, simpático, muito económico, repleto de vantagens mas sobretudo muito simples. Ajedtivos que se resumem numa pequena frase, sengundo a qual “O 2CV não é um automóvel, é uma filosofia de vida”.

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