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Um campeão incontestado sem público

União Desportiva de Seia venceu todos os jogos do campeonato, mas não conseguiu arrastar boas assistências

Apesar de ter feito uma época notável, a União Desportiva de Seia não conseguiu, como seria de esperar, atrair muito público ao moderno Estádio Municipal durante a época que agora chegou ao fim. Não é todos os anos que uma equipa termina invencível o seu campeonato, mas mesmo assim é incapaz de provocar entusiasmo na população local. Para o ano, a jogar no escalão principal do futebol distrital, a direcção da colectividade serrana acredita que o cenário poderá mudar.

«É uma lacuna que temos e que vamos tentar remediar, mas Seia nunca foi uma cidade muito virada para o futebol», lamenta Pedro Marques, presidente da direcção da União Desportiva local, quando confrontado com a fraca presença de público no Estádio Municipal que, ainda para mais, oferece excelentes condições tanto para a prática do futebol, como para os espectadores. Nos jogos realizados em casa, o Municipal senense registou, em média, uma assistência próxima dos 100 espectadores, isto «contando com o público das equipas adversárias», sublinha. Apesar do campeão absoluto da IIª Divisão Distrital da Guarda ter mais de mil associados, só perto de setenta são pagantes. Razões para explicar este “divórcio”, que deixa o dirigente «triste», entre a população senense e os êxitos do clube é que são difíceis de encontrar. Uma das causas que, aparentemente, pode justificar este desinteresse é o facto do clube ter estado «seis ou sete épocas sem futebol sénior», tendo sido reactivado há três temporadas, indica Pedro Marques.

Outro motivo que poderia afastar o público era o preço dos bilhetes, que em média custaram três euros para o público em geral, mas para o presidente do Seia «não é por aí que não vêm mais pessoas», frisa. Até a falta de um bar no estádio «não serve de desculpa» para as pessoas não quererem assistir aos jogos. Mesmo assim, o presidente do clube senense adianta que vai «tentar arranjar um bar» fora do complexo. «Acho que a população de Seia não tem desculpa para não aderir ao futebol. O estádio é bom e tem boas condições. É claro que estávamos na IIª Divisão Distrital, mas ainda protagonizámos alguns bons espectáculos», garante. Na próxima temporada, no escalão principal do futebol distrital, Pedro Marques acredita que este cenário desolador poderá mudar, até porque «só com o apoio do público é que se consegue ter bons espectáculos». Por outro lado, também será «importante os jogadores sentirem o carinho da assistência», adianta. E o presidente do Seia não faz por menos ao garantir que o grande objectivo da temporada de regresso à Iª Divisão é «subir ao Nacional da IIIª Divisão».

Em relação a esta temporada histórica, com vitórias em todos os jogos efectuados na IIª Distrital, Pedro Marques salienta que, logo na composição do plantel, «tentámos encontrar bons futebolistas e bons profissionais», tendo havido uma forte aposta no regresso de jogadores que já tinham representado o clube. Assim, 16 dos 23 atletas já tinham jogado com o emblema serrano ao peito, bem como a dupla de treinadores. A União Desportiva de Seia sagrou-se campeã absoluta da IIª Divisão Distrital, totalizando vitórias em todos os jogos da série B e ainda na final frente ao Sporting de Vilar Formoso, vencedor da série A. Também na Taça de Honra, a equipa, orientada pelo treinador Paulo Jorge, fez uma campanha sensacional, eliminando vários adversários da Iª Divisão. Só foi derrotada na final pelo Ginásio Figueirense, quinto classificado do primeiro escalão.

Ricardo Cordeiro

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