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Ultrapassar a baixa confiança

Opinião – O que esperar de 2017

O ano de 2017 inicia-se com grandes riscos e incertezas. Depois da crise iniciada em 2008, o presente ano surge com uma subida dos juros da dívida que pode ultrapassar os 4%. A par desta subida das taxas de juro, a eventual mudança de política do BCE sobre a compra de dívidas soberanas é um fator de grande imprevisibilidade para uma frágil economia como a portuguesa. Estas incertezas são ainda marcadas pelo calendário político eleitoral na Holanda, França e Alemanha, mas também pelas expetativas de uma política imprevisível de Trump para a Europa e dos movimentos correlacionados por parte da Rússia. Este contexto político-económico coloca o nosso país perante uma envolvente de grandes incertezas face à grande dependência do exterior.

O que podemos esperar e realizar em 2017?

Podemos sempre dizer que os cidadãos desejam: segurança, paz e justiça social, estabilidade financeira e alguma prosperidade económica. Porém, esta última depende, essencialmente, da vitalidade dos mercados e não do setor público, mas pode ser facilitada, ou obstruída, pelo Estado.

Sendo apontado o objetivo (otimista) para 2017 de crescimento do PIB de cerca de 1,5%, este valor não imprime uma maior prosperidade, nem permite suficiente criação de emprego.

Apesar destes constrangimentos, internos e externos, é possível conseguir desenvolvimento regional, adotando políticas diferentes do tradicional paradigma, dependentes do poder central de “cima para baixo”. A ideia principal do novo paradigma é a de que o sistema produtivo só cresce e se transforma utilizando o potencial de desenvolvimento existente no território, mediante os necessários investimentos das empresas e dos agentes públicos, sob o controlo da comunidade local.

Todo o território é um agente de transformação e não um mero suporte de recursos e de atividades económicas. Esta região, notoriamente de “baixa confiança”, necessita de ultrapassar esta condicionante cultural através de competências de “saber fazer acontecer” por parte das empresas e demais atores do território, interatuando entre si, organizando-se em rede, para assim ocorrer desenvolvimento da economia e da sociedade locais.

Carlos Rodrigues

Presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda

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