A implementação do Processo de Bolonha, que deverá começar já em 2005, pautou o discurso do reitor Santos Silva durante a cerimónia da tomada de posse dos novos órgãos sociais da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI), no passado dia 9.
Numa cerimónia que se prolongou durante quase duas horas, Santos Silva aproveitou a oportunidade para esclarecer os novos dirigentes associativos sobre os desafios lançados na Declaração de Bolonha, assinada em 1999 por 29 países para a criação de um espaço europeu de Ensino Superior, ao mesmo tempo que apelou à AAUBI e aos núcleos de licenciatura para «mobilizarem» a academia. «O Processo de Bolonha é um desafio enorme e merece a reflexão de toda a academia. Não só dos professores, mas essencialmente dos alunos. É uma mudança de paradigma da universidade e as pessoas ainda não se deram conta disso», alertou, avisando que se trata de um «processo complexo». «Não é fácil pedir aos professores que mudem quase radicalmente a sua metodologia e pedir aos alunos que trabalhem 1.600 a 1.800 horas por ano», acrescentou. Ainda assim, Santos Silva acredita que a UBI está preparada para aceitar os desafios propostos, cujos objectivos essenciais apontam para uma aprendizagem centrada no aluno e um maior envolvimento e participação dos estudantes nas instituições de ensino superior. «Julgo que a nossa universidade está bem colocada e temos experiências positivas nesse sentido, por exemplo na medicina», disse. A disponibilização de meios e espaços, como a biblioteca central, para que os alunos e professores tenham acesso à informação e à investigação é, para o reitor da UBI, o exemplo de que a instituição será «uma das poucas que já está no espírito de Bolonha».
UBI poderá aplicar propina máxima
Para além de se ter manifestado preocupado com a implementação do Processo de Bolonha, o novo presidente da AAUBI, Nuno Costa, chamou ainda a atenção para a falta de espaço e a ausência de uma cantina no pólo IV do Ernesto Cruz. Mas também para os horários limitados do funcionamento das cantinas, para a necessidade de centralizar os Serviços Académicos e os Serviços de Acção Social e o atraso nas listagens dos alunos bolseiros. A possibilidade da propina atingir o valor máximo no próximo ano, como de resto já está a acontecer em mais de metade das universidades portuguesas, foi outra das preocupações de Nuno Costa. «Espero que haja o bom senso para não se aumentar o valor da propina. Já que se reclama uma discriminação positiva para o interior, porque não começarmos nós que estamos no interior», interrogou o jovem dirigente, temendo que a propina máxima seja prejudicial para a sobrevivência da UBI.
Apesar de não ter avançado o valor da propina que irá propor ao senado, Santos Silva lembrou a necessidade de se fazer um «esforço financeiro para continuar com esta política de qualidade» para que a UBI prossiga a «primar pela diferença». «Se o Estado não transfere, temos que ir buscar esses recursos a qualquer lado», avisa o reitor, assegurando no entanto que não irá prescindir do reforço da acção social. «Propina sim, mas com uma acção social cada vez melhor e com orçamento maior para bolsas para que ninguém fique de fora por razões financeiras. É isso que defendo e que irei apresentar ao senado», referiu.
Liliana Correia