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Turbulência saudável !…

Crónica Política

Decorreu na segunda-feira a ultima reunião plenária dos militantes do PSD, concelhia da Guarda, correspondente ao biénio 2008/2010.

No futuro esta dinâmica de reuniões regulares de militantes deve ser mantida, precisa de ser aprofundada e qualificada na participação, promoção e divulgação do que vai acontecendo nesses plenários.

Há agora tempo para acautelar essa proposta e também para desenvolver uma “provocação” galvanizadora à população da Guarda, como até hoje o PSD não logrou ainda conseguir.

Mas quis o calendário mediático que o último plenário de militantes decorresse num dia carregado de menos boas notícias para o nosso concelho…

Já antes escrevi que 2009 foi o ano da hecatombe no que ao desemprego se refere… cresce a falência dos principais projectos estruturantes – ou, pelo menos, tardam em efectivarem-se – propalados pelo executivo socialista na Câmara Municipal desde recuados anos; vejam-se os casos da PLIE, do Hotel Turismo, da Iberdrola, do mercado ao ar livre, das instalações para os funcionários municipais… todos apresentados como dado adquirido numa mistura explosiva de intimidades pessoais e múltiplos candidatos a tudo e a nada.

Valha-nos – e registamos esse aspecto positivo – a construção da primeira fase da ampliação do Hospital Distrital da Guarda, obras do Governo mas a que cremos não ter sido alheia o empenho e luta do poder local, de cidadãos, movimentos de cariz popular e, também, dos partidos da oposição.

No plenário do PSD Guarda falámos de outro projecto que serviu em 2005 na perfeição ao engodo eleitoral, prolongou-se em 2009, mas a nova década se encarregou de demonstrar ser mais uma prova da “preguiça” dos socialistas eleitos para a Câmara Municipal. Agora, a glosada desculpa de que o governo central era do PSD e, como tal, responsável por quanto corresse mal à Guarda, não serve para escamotear a leviandade e a suspeita que suscitam procedimentos no que ao projecto da Guarda Mall se refere.

O presidente da Câmara Municipal deve uma explicação clara a todos os munícipes. O que se passou é pretexto para uma Assembleia Municipal extraordinária, pois aí foi referido já este eventual desfecho. Ainda assim o PSD caucionou a proposta do município. Mais, na vereação e o próprio candidato do PSD em 2009 mencionaram contornos que poderiam concitar algum ferimento ao texto legal. Ainda assim, não obstaculizámos o projecto e a intenção da autarquia. Acompanhámos, com reservas, a ideia e o projecto da vereação socialista. Findos vários anos é o Tribunal de Contas que anula todo o processo, mencionando a não observância do articulado legal donde podemos inferir que o nosso governo municipal desenvolveu um procedimento que visava apenas favorecer um determinado grupo económico, hoje em processo de insolvência, mesmo desenvolvendo um procedimento concursal limitado a 5/6 empresas e apertado no calendário…

Mas se já tudo isto é merecedor de um esclarecimento cabal e as ideias para o futuro, para o mesmo local, merecedoras de outra resposta que não a celebérrima máxima da “preguiça” socialista municipal… – «a crise vai passar depois se verá…» – que dizer da forma traiçoeira em esconder a decisão do Tribunal de Contas que “mata” a ideia da Câmara Municipal, que ainda há pouco tempo dizia que o projecto Guarda Mall andaria!… É perturbador e intrigante esta postura do executivo municipal socialista, eleito de forma tão esmagadora, quão compressora da sociedade guardense se torna com este procedimento de sonegar informação aos vereadores do PSD – que bem têm representado outra forma de governo municipal mais justa e equilibrada; veja-se o caso triste da casa da cultura dos Trinta onde a partidarite determina que só alguns é que têm o exclusivo das benfeitorias culturais; no caso do relatório da Inspecção Geral das Finanças; e agora do estudo económico que sustenta o valor da alteração do valor das taxas camarárias. São muitos casos em tão pouco tempo de governação…

Outro assunto que tem merecido a atenção mediática, e aflorada no plenário, foi a decisão da ULS da Guarda com o regulamento de utilização dos táxis e ambulâncias no transporte de doentes. Suplica-se que alguém possa falar mais alto à Administração da ULS da Guarda e lhes diga que as decisões de terminar, total ou parcialmente, com o recurso ao transporte de doentes por parte de ambulâncias e táxis é perniciosa e maltrata todos os cidadãos deste distrito que depositaram uma difícil confiança num projecto de cuidados de saúde e que agora quem dela trata está a merecer um forte castigo face à ausência de respeito com a saúde dos cidadãos.

Será que outras unidades de saúde geridas no mesmo formato dito empresarial como a da Guarda procedem da mesma forma? Ter-se-ão lembrado também deste pequeno passe de magia para racionalizar custos?

No limite, se deixarmos de designar algumas doenças como tal provavelmente poderemos reduzir ainda mais os custos… na Assembleia da República discute-se a inclusão de algumas patologias para maiores apoios do estado, a cidadãos que infelizmente as têm, os “cromos” de cá descobrem a fórmula de encravarem ainda mais a cívica e ordeira maneira de estar dos pacatos cidadãos de cá! E ainda quererão encerrar os SAP’s?

PS: Participei no Congresso do meu Partido e escutei com toda a atenção a intervenção do novo líder do PSD, Pedro Passos Coelho.

Tratou-se de um discurso denso, particularmente com conteúdo ideológico e fundamentalmente com ideias para um outro e diferente tempo de governação.

Já a sua eleição implicou um ajuste mais correcto com o percurso histórico do PSD e, de certa forma, uma maior sintonia com o desenvolvimento da política portuguesa.

No congresso o seu discurso apresentou ideias que poderão efectivamente trazer uma lufada de ar fresco à monotonia e cinzenta governação que nos calhou em sorte.

A necessidade da revisão constitucional, a importância em conferir valor acrescentado às iniciativas da sociedade civil, recentrar o papel do estado na economia e uma oportunidade de acção diferenciada do estado junto dos cidadãos que infelizmente se encontram numa situação de desemprego.

Refiro apenas estes aspectos que ilustram uma reactualização do ímpeto reformista do PSD que está na sua matriz ideológica e com ela por várias vezes galvanizou os portugueses porquanto, com ela os portugueses viram outra “cor” no desenvolvimento do seu país.

Não escutei críticas ocas à governação que temos, antes e apenas um saudável confronto de ideias que é o “sal” da democracia.

A decisão compete, depois, a cada um de nós mas olhando e discutindo propostas alternativas.

O novo presidente do PSD não tem caminho fácil no partido e na sociedade mas a sua felicidade, o seu percurso, as suas lições de vida dar-lhe-ão o alento necessário a que promova uma alternativa efectiva ao bolorento tempo político a que assistimos.

Por: João Prata *

* deputado à Assembleia da República eleito pelo PSD

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