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Tudo isto existe, tudo isto é triste!

Ouvi há dias por aí um sacerdote garantir, alto e bom som, que “já não há pecados novos!”

Fiquei siderado com a constatação e seriamente preocupado com a ausência de criatividade pecante. Que raio de vida é afinal a nossa sem a imaginação pecaminosa?

Longe de mim fazer por aqui a defesa de uma vida dissoluta ou a apologética da libertinagem e devassidão. Não, por favor! Era, porém, forte convicção minha que não seríamos um povo austero e exaltante da excelência moral ou, pelo menos, que levaríamos uma vida apimentada, nem que fosse por leves pecadilhos.

Não obstante, não estou a ver que em matéria da virtude e força moral se assista a uma alteração substancial da nossa conduta coletiva que nos faça subir no ranking da pudícia. A verdade, porém, é que “já não há pecados novos!”

Talqualmente no nosso quotidiano não há fórmulas novas, o que há são imitações pechisbeque de experiências requentadas, a maior parte das vezes servidas em baixelas de porcelana ordinária, e inevitavelmente o que se assiste é o mesmo do mais.

Vou-me entretendo com os pecados velhos, mas eu já não caminho para novo! Sou reincidente nos pecados, mas a minha importância é nula e daí não vem mal nenhum ao mundo. De outros, que ainda vão treinando novos nós de gravata, estranho reiterarem pecados velhos, mas é a vida, ou ainda melhor outra vida que desquero.

Perfilam-se, porém, no horizonte tempos novos, mas, afinal, de pecados velhos!

Não pequem, pois, caros leitores. Mas se a tentação diabólica vos for inelutável, pequem então, mas com imaginação e criatividade. Não sejam pecadores vulgares e comuns!

Por: Fernando Pereira

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