A Câmara da Guarda aprovou, na reunião do executivo realizada na última segunda-feira, a assinatura de um protocolo a estabelecer com a EP – Estradas de Portugal, no valor de 111 mil euros, tendo em vista a transferência do troço da Estrada Nacional 338 entre Trinta e Maçaínhas para “as mãos” do município. Tradicionalmente com visões opostas sobre a maioria dos assuntos, desta feita, maioria e oposição concordaram a importância do município continuar a reivindicar a conclusão da “Estrada Verde” que permitiria a ligação direta da cidade da Guarda ao Maciço Central da Serra da Estrela.
O presidente da autarquia reconhece que a “Estrada Verde” é «uma promessa antiga e ainda por cumprir», considerando ser «muito original» haver uma estrada «que tem princípio, não tem meio e depois tem fim». Joaquim Valente reitera que quem concebeu a EN 338 o fez «para que ligasse a Guarda ao Maciço Central» e «há muitos anos que reclamamos a execução na sua plenitude da 338» que «já está feita em alguns troços», tendo a «própria Câmara, substituindo-se à administração central, feito a ligação dos Trinta até Videmonte», faltando agora «executar o resto». A conclusão da EN 338 foi uma das promessas de campanha de Joaquim Valente aquando da sua primeira eleição porque «todos achamos que é uma via muito importante para o desenvolvimento das freguesias da corda da Serra» e, por outro lado, «sob o ponto de vista turístico é uma via que está praticamente num santuário ambiental onde a biodiversidade é a palavra de ordem». Neste sentido, o autarca assegura que «continuaremos todos enquanto cidadãos, e todos aqueles que tenham sempre voz para a defesa dos interesses da Guarda, a reivindicar a conclusão da 338 porque também é importante para o turismo nacional». De resto, Valente indica que estão feitos «levantamentos e estudos de traçado», embora não haja um «projeto detalhado de execução», de uma via «que não é cara», «não tem muitos movimentos de terra» e que passa «num planalto» e não numa zona de cordilheira.
Os termos do protocolo levantaram «algumas dúvidas» a Virgílio Bento, vereador da maioria sem pelouros, que quis certificar-se que a EP se irá comprometer «à conclusão da EN 338», bem como a proceder ao alargamento das duas pontes existentes, uma situada à saída da Guarda na ligação da 338 com a EN 16 e a outra localizada a seguir à saída de Maçaínhas, no sentido de quem vai para a Corujeira. O vereador considera a conclusão da EN 338 um «projeto fundamental e estratégico para a cidade e para o concelho», sendo uma ambição pela qual «a Guarda deve continuar a lutar». «Se a Guarda se quer afirmar como uma cidade de entrada na Serra da Estrela tem de ter uma ligação direta», considera o vereador.
Por seu turno, Rui Quinaz salienta que a “Estrada Verde” é «mais uma proposta muito antiga e uma aspiração da Guarda que nunca foram concretizados», sustentando que «noutros concelhos têm sido dados passos no sentido de criar boas vias de acesso ao Maciço Central», esperando que «pelo lado da Guarda esta aspiração também se venha a concretizar». Questionado sobre as razões que levaram à não concretização do projeto, o vereador do PSD considera que «faltou capacidade política e liderança da Guarda» e que a “Estrada Verde” «seria a concretização da tão reivindicada ligação direta à Serra da Estrela». Críticas que Joaquim Valente refuta porque o PSD «esteve muitos anos no Governo protagonizado por Cavaco Silva onde se fizeram grandes obras em termos viários e esqueceu-se dessa via».
Indeferida receção definitiva do Parque Urbano do Rio Diz
Na reunião do executivo foi também dado conhecimento do indeferimento da receção definitiva do Parque Urbano do Rio Diz devido a «anomalias» ali existentes e que as empresas «têm que arranjar». Joaquim Valente especificou que os problemas apresentados estão relacionados com «infra-estruturas elétricas e também de alguns equipamentos que já estão deteriorados e que é preciso arranjar». Já não é a primeira vez que a entrega do equipamento é indeferida, com o autarca a frisar que «uma obra enquanto tem garantia compete ao dono da mesma que haja uma intervenção permanente para resolver o que não foi resolvido durante o início da execução». O edil assegura que a autarquia «tudo» tem feito para notificar os empreiteiros que «muitas vezes também têm as suas dificuldades». Contudo, Valente frisa que também é «muito importante» para o empreiteiro resolver os problemas porque enquanto não os fizer há garantias bancárias «que o dono de obra pode acionar».
Ricardo Cordeiro