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Triste fim

Coisas…

Triste fim este.

O espectáculo a que estamos a assistir da agonia do actual conselho de administração do hospital de Sousa Martins, não é mais do que a reprodução, tardia e em miniatura, daquela que testemunhámos há pouco tempo protagonizada pelo governo do PPD e do CDS.

A zanga final das comadres, exibida na praça pública, confirma aquilo que já se sabia há muitos, muitos meses: aquelas pessoas não se entendem, nunca se entenderam e têm uma manifesta falta de jeito para as funções de que foram incumbidas.

Tendo sido todos nomeados na mesma altura, segundo critérios de confiança politico-partidária, acabaram separados por força da mudança da lei. Por esse motivo dois dos elementos do conselho de administração (o director clínico e o enfermeiro director) perderam não apenas o estatuto de membros efectivos do CA, assumindo o título de vogais não executivos, como inclusivamente viram por um canudo a proposta de recondução nos cargos que ocupavam até então. Eu explico: com a mudança da lei aqueles dois senhores perderam imediatamente o direito ao tacho e, para o manterem, teriam que ser reconduzidos nos cargos por proposta da senhora directora do hospital, o que nunca aconteceu.

Ao contrário do que seria de esperar, os dois não-reconduzidos, em vez de colocarem na altura os seus lugares à disposição, calaram-se muito bem calados, continuaram nos cargos, assinando papéis, tomando decisões e continuando a auferir os vencimentos e outras alcavalas próprias destes cargos de direcção. Por outro lado, a senhora directora, dona Garção de sua graça, não só não propôs a recondução dos tais senhores, como não propôs a de mais ninguém. Criou-se desta forma uma situação surrealista, de que poucos tinham conhecimento para além dos próprios, na qual dois dos elementos do CA eram-no sem o serem.

Logo que Sampaio decidiu dar uma sacudidela em tudo isto, os tais dois não-reconduzidos acordaram do torpor e desataram a escrever cartas a tudo quanto era autoridade, no sentido de obter uma nomeação de última hora. Esgotaram as tentativas nove dias antes das eleições mas o facto é que ninguém lhes ligou nenhuma.

Agora, com novo governo, novo ministro e novas perspectivas, zangaram-se as comadres, estalou o verniz e a paz podre que os minava quase desde o início, tornou-se um festival de acusações e lamentos, cargos à disposição, pedidos de exoneração e um ex(?)-director clínico convencido de que os socialistas ainda o irão eleger como herói local reconduzindo-o ano e meio depois para um cargo que nunca desempenhou. Perante isto, imperial, a dona Garção mantém-se de pedra e cal, convencida de uma obra que ninguém lhe reconhece, à espera de ser corrida (tal como ela correu com outros) e sem se convencer de que não há médico na plena posse das suas faculdades mentais que aceite trabalhar com ela.

Que triste fim!

Por: António Matos Godinho

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