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«Trabalho como se jogasse no Benfica ou no Sporting»

Cara a Cara – André Sousa

P – Jogou pela primeira vez num campeonato europeu com a camisola da seleção nacional. Que balanço faz da sua participação a nível individual?

R – Foi o meu terceiro europeu apesar de não ter jogado nos anteriores. O balanço pessoal acaba por ser positivo. Já faço parte da seleção nacional há muito tempo, tenho sido presença assídua nas convocatórias do mister Braz e, felizmente, as coisas têm-me corrido bem. Penso que estou a passar um bom momento de forma. Há algum tempo que as coisas me têm corrido bem no clube e acho que isso acabou por se refletir na seleção também. Tive as minhas oportunidades, por isso o meu balanço acaba por ser positivo e sinto-me satisfeito porque acabei por jogar três partes e penso que estive à altura.

P – E a nível coletivo, o quarto lugar deixa-o satisfeito ou sabe a pouco?

R – Não tivemos muito tempo de preparação mas fizemo-lo bem, não só a nível físico mas principalmente a nível motivacional. Acho que todos, jogadores, staff técnico, quem lá estava, acreditou seriamente que era possível conquistar o Europeu. Tivemos sorte no sorteio ao calharmos no grupo da Rússia, um dos mais fortes candidatos ao título, e, pelo menos, sabíamos que já não íamos defrontá-los até à final. Não fizemos grandes jogos mas fomos muito eficazes, pragmáticos, preocupados em defender bem, mas infelizmente mais uma vez caímos aos pés da Itália na meia-final. Já tinha acontecido em duas situações, esta foi mais uma, mas acho que estamos mais perto de ganhar estas partidas. Em certos momentos do jogo ainda não temos a capacidade que outras seleções apresentam mas caminhamos a passos largos para lá chegar. No jogo sempre difícil de atribuição dos terceiro e quarto lugares defrontámos a Espanha, que, para mim, é a melhor seleção a nível de organização tática. Ainda tivemos alguns bons momentos, mas também tivemos maus momentos que a Espanha aproveitou para avolumar o resultado, principalmente na primeira parte quando sofremos seis golos, o que não costuma acontecer, muito menos na seleção nacional.

P – Dos atletas convocados que representam clubes portugueses foi o único que não joga no Benfica ou no Sporting. Sentiu uma responsabilidade acrescida por isso?

R – Não, nem de perto nem de longe. Faço por esquecer esse fator, acho que isso não me dá nem me retira responsabilidade. Tento apresentar-me ao nível que me apresento no clube. Trabalho como se trabalhasse e jogasse no Benfica ou no Sporting. Conheço o trabalho que se faz nesses clubes, conheço perfeitamente o trabalho que se faz no Fundão e posso dizer que não ficamos em nada atrás dos trabalhos que se fazem nessas duas equipas. Por isso estava tão bem preparado como estariam os outros dois guarda-redes e os jogadores do Benfica e do Sporting.

P – Quanto ao campeonato, depois de um início algo inconstante, a Desportiva do Fundão tem vindo a subir na tabela. Até onde sente que a equipa pode chegar?

R – É um facto que não começámos bem o campeonato, algo que nos preocupou e que acabou por durar tempo demais e que ainda hoje andamos a pagar. Estamos longe na classificação de equipas como o Braga e os Leões de Porto Salvo, que acabam por estar no nosso patamar, fugindo um pouco ao que fizemos o ano passado. Os objetivos agora passam por ficar o mais perto possível dessas equipas. Não será fácil alcançá-las mas queremos ficar o mais acima possível na tabela e jogar nos “play-off” contra uma equipa mais próxima de nós. Na Taça de Portugal já eliminámos o Sporting contra quem fomos muito fortes e continuamos em prova. Acho que estamos a passar um bom momento há algum tempo e queremos mantê-lo. Não sei até onde podemos chegar, mas sabemos perfeitamente que se mantivermos os níveis exibicionais e classificativos que temos apresentado estaremos agora mais perto da vitória.

P – Fazer melhor que atingir as meias-finais de épocas anteriores é impossível?

R – Não é impossível mas é difícil. Jogo futsal na Iª Divisão há alguns anos e sei o quanto isso é difícil. As finais passam sempre por Benfica ou Sporting. Acho que ainda há uma componente emocional que diferencia as equipas. Há uns tempos essa componente técnica era diferente entre essas duas equipas e as restantes, mas hoje penso que o problema não passará por aí mas essencialmente por comportamentos emocionais em que nós, o Braga ou os Leões de Porto Salvo acabamos por não conseguir atingir e por isso é que eles ganham sempre com mais ou menos dificuldade. Não sei justificar o porquê, mas sabemos perfeitamente que é muito difícil. Não digo que não sonhamos com isso porque sonhamos, no ano passado sonhámos claramente com isso sabendo que íamos encontrar um Sporting fortíssimo, o melhor de sempre de todas as épocas que me lembro e que jogo na Iª Divisão. Claramente sonhamos com isso, mas sabemos que não vai ser fácil.

P – É jogador do Fundão há duas épocas. Sente-se bem no clube ou ambiciona jogar num clube com outras ambições?

R – Fazendo um apanhado da minha carreira, quis acabar os estudos numa fase inicial, agora estou a usufruir do futsal e gosto de sonhar um bocadinho. Sinto que no Fundão as pessoas me respeitam muito e quando assim é um jogador só tem de se sentir satisfeito e feliz. Só penso em ajudar o clube a chegar aos seus objetivos.

P – Qual é o seu maior sonho a nível desportivo?

R – O meu sonho era representar a seleção. Felizmente há muito tempo que represento Portugal, tenho sido convocado assiduamente e acaba por ser um sonho realizado e quero manter essencialmente essas convocatórias e a confiança do mister Braz. A nível de clube, para já só penso no Fundão. Se no final da época alguma coisa me for sugerida e tiver algum convite que seja bom para mim, me faça continuar a ter o sorriso na cara diariamente e se vir que é um projeto bom para mim, não só a nível desportivo, mas essencialmente a nível pessoal, irei abraçá-lo.

André Sousa

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