Arquivo

Trabalhadores e administração chegam a acordo na Delphi

Sindicatos não conseguiram subir o valor das indemnizações e os operários acabaram por aceitar receber dois meses de salário por cada ano de trabalho

Os trabalhadores da Delphi da Guarda decidiram na última terça-feira à tarde, em plenário, aceitar a proposta de pagamento de dois meses de salário por cada ano de trabalho. Antes, ainda da parte da manhã, os sindicatos tentaram uma vez mais subir o valor das indemnizações, naquela que foi a terceira reunião com a administração da multinacional de cablagens desde o início das negociações, mas sem sucesso.

Adelino Nunes, dirigente do Sindicato das Indústrias Transformadoras e da Energia (SITE), contou que durante o plenário «a grande maioria» dos operários «votou favoravelmente o protocolo celebrado entre ambas as partes, apesar da tentativa de obtenção de um valor indemnizatório mais elevado». Apenas sete votaram contra. «Tentámos ao máximo minimizar os efeitos negativos deste despedimento, mas foi o valor a que foi possível chegar», disse Adelino Nunes aos jornalistas, constatando que o valor a pagar aos últimos 321 operários da fábrica, que saem a 31 de Dezembro, «ficará ao nível do que foi acordado nos despedimentos colectivos anteriores». Já Ricardo Afonso, do Sindicato Nacional da Indústria e Energia (SINDEL) referiu que o acordo deveria ter sido «um bocadinho acima» daquele que ficou decidido. «Os trabalhadores estavam com dois cenários: ou aceitavam este acordo de dois salários por cada ano de trabalho ou [a administração] remetia para a lei, que era um salário», realçou o sindicalista.

Na opinião de Ricardo Afonso, os operários «mostraram maturidade e pensaram bem nas consequências» da rejeição do protocolo com a empresa. Quanto à eventual transferência de alguns operários da fábrica da Guarda para a de Castelo Branco, como foi proposto pela direcção da Delphi, os sindicatos indicaram desconhecer interessados. Segundo revelaram, a administração da empresa mostrou-se irredutível também no que toca a valores adicionais para quem aceitar ser transferido, rejeitando atribuir subsídio de transporte. À saída do turno da tarde, após a decisão ter sido tomada, poucos foram os operários que aceitaram falar à comunicação social. «Mais vale levar dois meses de salário por cada ano de trabalho do que só um», considerou Olga Santos, de 31 anos. «Os nossos colegas que já foram despedidos também levaram dois. Pouco mais havia a fazer», referiu a trabalhadora. «Mas merecíamos mais, até porque nos mentiram quando disseram que a fábrica não iria fechar», disse ainda.

Outra operária, Maria Santos, que conta já 19 anos de casa, também disse que «esperava mais» e lamentou que a unidade guardense encerre porque «trabalho não falta, as encomendas são muitas e fazem-se horas extra». A trabalhadora, de 47 anos, teme pelo futuro: «Sou nova para a reforma e velha para o trabalho», queixou-se. Já Jaime Esteves, que trabalha há quase 11 anos na Delphi da Guarda, disse estar «insatisfeito» com o resultado das negociações. «Politicamente garantiram-nos há uns meses que a fábrica não encerraria, mas afinal sempre fecha. Onde estão o nosso presidente da Câmara e o nosso Governador Civil?», acrescentou.

A decisão dos trabalhadores foi tomada na última terça-feira

Trabalhadores e administração chegam a
        acordo na Delphi

Sobre o autor

Leave a Reply