Os funcionários da ARL Construções – recentemente declarada insolvente pelo Tribunal Judicial de Celorico da Beira – querem ver a sua situação profissional resolvida e, por isso, manifestaram-se, entre quarta e quinta-feira da semana passada, em frente à residência do presidente do Conselho de Administração, António Rodrigues Leão.
Atualmente com 105 trabalhadores, a ARL debatia-se com problemas financeiros e os piores receios confirmaram-se no último mês, quando a Metalguarda, uma das credoras, avançou com o pedido de insolvência da construtora. «Estivemos de férias até 15 de julho e depois reunimos com a administração que nos explicou que não se iria opor à insolvência. Até agora ficámos à espera que a ARL nos dissesse alguma coisa e pudéssemos resolver também a nossa situação», explicou a O INTERIOR a representante dos trabalhadores. Consciente de que já não é possível recuperar os postos de trabalho, Tânia Fortunato esclarece que a revolta do corpo laboral acentua-se agora por «não termos ainda a nossa situação profissional resolvida». Isto, porque houve um contratempo após a declaração de insolvência. É que o tribunal nomeou Maria do Céu da Silva Carrinho para administradora da insolvência – que fica doravante responsável por todo o processo da ARL, mas a empresa requereu a sua substituição.
No entanto, na última sexta-feira, o juiz indeferiu o pedido da ARL por considerar que – nos limites da lei – «não está obrigado a nomear o administrador de insolvência que seja indicado pelo próprio devedor», ficando apenas obrigado a que esse gestor faça parte da lista oficial – «facto que se verifica». Foi por causa desta questão que entre 40 a 50 trabalhadores se juntaram para exigir uma explicação dos responsáveis da ARL, mas que não obtiveram. «A revolta das pessoas está neste adiar. Estivemos dois dias junto à residência do administrador e ninguém nos veio falar», adianta a funcionária. Tânia Fortunato explica que só querem ver a sua situação profissional resolvida porque, embora já não estejam a trabalhar, o vínculo com a empresa mantém-se. «Há gente que quer pedir o subsídio de desemprego e não pode porque não tem os documentos necessários e há outras pessoas que têm propostas de trabalho mas não as podem aceitar porque ainda têm um vínculo contratual com a ARL», explica.
A este impasse, a funcionária acrescenta também «a difícil situação que as famílias vivem» devido a quatro meses de salário em atraso. «Há pessoas com ordenados de 500 euros que, com esse montante, sustentam a família e já estão a passar necessidades», alerta. A ARL Construções está sedeada em Celorico da Beira e operava nas áreas da imobiliária, materiais de construção, design e soluções de engenharia. A sua administração não conseguiu renegociar a dívida com a banca, o que levou um dos credores a pedir a sua insolvência. No mês passado, o administrador da construtora, Jorge Leão, explicava a O INTERIOR que «a componente imobiliária e o atraso nos pagamentos por parte das autarquias» contribuíram para que a situação financeira se agravasse. Para esclarecer o pedido de substituição da administradora da insolvência e as exigências dos trabalhadores, O INTERIOR tentou contactar novamente Jorge Leão, mas sem sucesso até ao fecho desta edição.
Catarina Pinto