Passou despercebida na Guarda a autodenominada maior corrida do mundo pela amizade internacional. No último sábado, uma quinzena de jovens corredores subiu à Guarda antes de rumar a Vilar Formoso e à Europa, vestindo a camisola da esperança num mundo melhor. Um ideal simbolizado na tocha da harmonia que esta pequena legião da boa vontade vai passar de mão em mão até Budapeste (Hungria), espalhando a mensagem da amizade e do entendimento entre os povos. «A harmonia começa em nós e não depende dos políticos», garante o austríaco Dipavajan Renner, coordenador europeu do percurso.
A autodenominada Corrida pela Harmonia Mundial não tem vencedores, nem quer bater recordes, mas tão só contribuir para promover «a boa vontade a entre as pessoas e juntá-las em nome da amizade e do amor, pois todos queremos a mesma coisa, que é o bem-estar nas nossas vidas», acrescenta José Martins, de 29 anos, de Lisboa. A iniciativa da “World Harmony Run”, um organismo sem fins lucrativos, partiu da capital portuguesa no passado dia 2 e fez-se à estrada com todos aqueles que têm um «estilo de vida saudável e uns ténis», adianta este participante que está desde o início. As bolhas nos pés ainda não fizeram esmorecer o entusiasmo da comitiva, que percorreu cerca de 400 quilómetros até à fronteira espanhola, onde grande parte será rendida por novos elementos para que a tocha da harmonia siga o seu caminho e espalhe a mensagem de um mundo melhor. «Basta que cada um de nós dê um pequeno passo para que o mundo mude», acredita José Martins, adiantando que, pelas terras por onde passou, muita gente reconheceu a necessidade de valores como a paz, o bem-estar e a boa vontade entre pessoas e nações.
A iniciativa tem também um objectivo educativo. «A ideia é trabalhar a mensagem com as escolas, porque a harmonia é uma questão educativa e não política», defende. Mas, como era sábado, tal não aconteceu na Guarda, ao contrário do «êxito» de Gouveia. Também o desporto poder ser «o meio da transformação» das pessoas, desde que incentive «o espírito de camaradagem e de entreajuda». Um outro objectivo é a instauração do Dia da Harmonia. A Corrida pela Harmonia Mundial é financiada pelos próprios participantes e foi apoiada pelas localidades por onde passou em termos de alimentação e alojamento. Na Guarda, a comitiva foi recebida nos Paços do Concelho pelo vereador do pelouro da Educação, que entregou a todos uma medalha da cidade. A corrida vai atravessar 45 países, num total de 24 mil quilómetros até Budapeste, onde está previsto terminar a 28 de Outubro. Em Portugal, os 15 participantes, vindos da Áustria, Hungria, República Checa, Alemanha, Ucrânia e Portugal, passaram por Santarém, Fátima, Leiria, Figueira da Foz, Montemor-o-Velho, Coimbra, Gouveia, Guarda e Vilar Formoso. 400 quilómetros a um ritmo nada desportivo de dois a cinco quilómetros por elemento. Segundo a organização, estão previstos 250 mil participantes em toda a Europa. A “World Harmony Run” foi fundada pelo filósofo e atleta indiano Sri Chinmoy, de 73 anos, e é apoiada pelos atletas Carl Lewis (Estados Unidos), Tegla Loroupe (Quénia) e Tatiana Lebedevas (Rússia).
Luis Martins