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Termas de Longroiva ganham novo fôlego

Novo balneário do pólo termal da aldeia do concelho da Mêda já começou a ser construído

As Termas de Longroiva receberam no final da semana passada um forte impulso para readquirirem a importância de outros tempos. A construção do novo balneário do pólo termal daquela aldeia do concelho da Mêda, cujo acto de consignação e lançamento da primeira pedra tiveram lugar na última sexta-feira, representa a maior obra «jamais feita» pela autarquia. O equipamento, orçado em 3,5 milhões de euros, tem um prazo de execução de 400 dias, estando já a decorrer os trabalhos de escavação no antigo campo de futebol da freguesia.

Para João Mourato, presidente da Câmara da Mêda, a obra, adjudicada à empresa Manuel Rodrigues Gouveia, assume «grande relevância e importância, não só para Longroiva e para o concelho, mas também para toda a região». Trata-se de uma empreitada «complexa, de difícil execução e que não é de engenharia fácil», representando o «maior investimento global de sempre» em obras já realizadas pela edilidade. Segundo o autarca, «é altura das Termas de Longroiva deixarem a “semi-clandestinidade”», modo como funcionaram «até há pouco tempo», admite. «Conseguimos dar a volta a este processo e, neste momento, estamos a caminhar com passos seguros para a concretização final, de modo a que sejam umas grandes termas e um grande pólo de desenvolvimento do concelho e da região», regozija-se Mourato. Apesar do prazo de execução ser de 400 dias, cerca de 13 meses, o edil acredita que esse período «ainda pode ser recuperado», mas até final de 2006 é certo que a intervenção ficará concluída.

As águas de Longroiva estão «essencialmente vocacionadas» para o tratamento das «doenças de pele, sinusite e reumatismos». Com a construção do novo balneário, as termas passam a estar «devidamente legalizadas e aprovadas pela Direcção de Saúde e pelo Instituto Geológico e Mineiro, atendendo à qualidade das águas, que são das melhores da região», realça. Actualmente, a unidade está a funcionar em «termos provisórios» e assim continuará até à conclusão da obra, porque «não há condições a 100 por cento para elas funcionarem», indica. Igualmente satisfeito com o arranque da construção dos novos balneários ficou Luís Todo Bom, presidente da Assembleia Municipal da Mêda, para quem «não se pode ficar por aqui», lançando o repto para a construção de um hotel termal. Já o pároco da aldeia mostrou-se esperançado em ver as termas reconhecidas como «as melhores da região». As águas sulfurosas que servem o actual balneário termal, datado do século XIX, foram desde sempre aproveitadas pelo homem.

Na Idade Média, pertenceram à Ordem dos Templários, tendo passado para a Ordem de Cristo no reinado de D. Dinis. Os banhos sempre estiveram ligados ao culto da Senhora do Torrão, padroeira da freguesia e, neste sentido, o povo até costuma dizer que cada banho tomado no dia 8 de Setembro, dia da santa, equivale a oito. Conta-se também que a Rainha Santa Isabel ter-se-á banhado nas águas sulfurosas de Longroiva, aquando da sua vinda de Aragão para casar, em Trancoso, com D. Dinis. Na monografia “Terras da Mêda”, de Adriano Vasco Rodrigues, o historiador revela que, desde os finais do século XIX até aos anos 40 do século XX, «os banhos de Longroiva atraíam inúmeros banhistas de Trás-os-Montes, Beira Douro e Alto Douro». As termas possuem um caudal permanente de 30 mil litros de água sulfurosa por hora, a uma temperatura de 44 graus centígrados, com uma equipa médica e de enfermagem a garantir a indicação terapêutica aos utentes.

Termas do Cró também vão entrar em obras

Outras termas do distrito da Guarda que, em breve, irão entrar em obras são as do Cró, no concelho do Sabugal. «Estão numa fase avançada em termos de projecto», no que concerne ao concurso para a melhoria das infraestruturas. Só depois, quando estes trabalhos estiverem a decorrer, é que a Câmara do Sabugal avança para a construção de um novo balneário e da parte da hotelaria, explica o autarca António Morgado. É que a edilidade raiana entende que tem que se começar primeiro pelos «alicerces e não pelo telhado». Os trabalhos, que deverão custar cerca de 2,5 milhões de euros, poderão começar ainda durante este ano, deseja o presidente que não se recandidata. De resto, Morgado considera que as termas irão exercer uma «atractividades muito forte», até por parte da iniciativa privada que tem demonstrado «bastante interesse», isto para além de serem «um projecto de grande interesse para o desenvolvimento do concelho e da região». De resto, as termas continuam a receber muitas pessoas, tantas que até têm sido recusadas algumas inscrições «porque não temos capacidade para receber mais gente», assevera. «Quem já lá passou, quer continuar», sublinha António Morgado, adiantando que alguns estudos revelam que as águas do Cró são das «melhores a nível europeu». Águas que estão especialmente vocacionadas para o tratamento de doenças de pele, respiratórias e de reumatologia, que afectam «todas as idades», indica o autarca.

Ricardo Cordeiro

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