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Temperaturas negativas causam estragos na rede de abastecimento de água

SMAS da Guarda chegaram a atender pedidos de ajuda de consumidores de três em três segundos, mais de um milhar de guardenses afectados

Os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) da Câmara da Guarda não tiveram mãos a medir durante a última terça-feira, o dia mais frio das últimas décadas, para acorrer a pedidos de ajuda em todo o concelho. A Guarda tiritou de frio e ficou sem água em muitas zonas da cidade e do município devido ao rebentamento de inúmeras condutas e contadores provocado pelas temperaturas negativas registadas nessa madrugada. Este foi o principal transtorno causado por uma vaga de frio que assolou a cidade sem se fazer anunciar, surpreendendo tudo e todos. Durante a noite, os termómetros desceram aos 12 graus negativos, subindo apenas aos 3 graus positivos a meio da tarde.

Tamanha amplitude térmica fez estragos significativos na rede de abastecimento de água no concelho. Segundo Francisco Dias, chefe de divisão municipal, a situação era «quase catastrófica», tendo o serviço recebido chamadas de «três em três segundos» durante a terça-feira, o que obrigou a autarquia a criar um autêntico «gabinete de crise» com quatro linhas telefónicas, enquanto o número verde (800208800) exclusivo para as leituras de contadores passou a funcionar unicamente para ajudar os consumidores com problemas. «Não é possível saber o número exacto de afectados, porque está a aumentar à medida que as temperaturas sobem fazendo rebentar mais instalações. E a situação não vai parar dado que se prevê a continuação de baixas temperaturas para os próximos dias», refere aquele responsável, adiantando que toda a equipa dos SMAS, cerca de 30 pessoas, está no terreno, «mas é manifestamente insuficiente para acorrer a todos os casos». É que a afectação dos meios dos serviços municipalizados estava a ser dificultada por haver «cerca de 40 sistemas diferentes de abastecimento no concelho», acrescenta.

Problemático foi também o abastecimento de água. A freguesia do Rochoso, a cerca de 20 quilómetros da capital do concelho, foi a mais afectada, tendo mesmo ficado sem água por causa da ruptura de vários pontos de distribuição, desconhecendo-se quando o serviço poderia ser retomado. Na zona urbana, mais de um milhar de consumidores não tiveram água durante grande parte do dia por causa do rebentamento de contadores e canos. «Estamos a trabalhar para que tudo fique regularizado até quarta-feira [ontem]», garantiu Francisco Dias. Entretanto, a autarquia foi obrigada a comprar de emergência algumas centenas de contadores para poder normalizar rapidamente o serviço. De acordo com Granja de Sousa, da Protecção Civil municipal, a dimensão e gravidade desta situação ficou a dever-se ao facto das pessoas não protegeram «devidamente todos os equipamentos expostos, como torneiras exteriores e contadores, com lã de vidro ou outro equipamento térmico».

Terça-feira foi o dia mais frio das últimas décadas na Guarda. A cidade registou uma temperatura mínima de 12 graus negativos (-16 nos Piornos/Serra da Estrela), que subiu para os 3 graus a meio da tarde. «Isto hoje até está melhor que segunda-feira, porque não há aquele vento cortante», confidenciava Agostinho Vaz, comerciante na cidade. Não ocorreram acidentes nas estradas, mas a Brigada de Trânsito (BT) teve que acudir a várias avarias na A25 e IP5. Na cidade, registo apenas para um incêndio na zona histórica que não causou feridos. A habitação ficou praticamente destruída, suspeitando os bombeiros que o sinistro tenha tido origem num fogão a lenha. Já o director clínico do Hospital Sousa Martins, José Cunha, esperava um incremento «substancial» da afluência ao serviço de Urgências para os próximos dias devido a gripes e infecções respiratórias.

Luis Martins

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