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«Temos que voltar a ter gosto pela floresta»

Cara a Cara – Entrevista

P – Quais são as causas mais frequentes de um incêndio?

R – Os dados estatísticos vêm apontando que cerca de dois terços das causas dos incêndios assentam em comportamentos humanos. É por esse motivo que o gabinete, criado no âmbito da Federação dos Bombeiros do Distrito da Guarda, tentou levar a efeito acções de sensibilização em todos os concelhos, por forma a alertar e informar as populações, nomeadamente as entidades intervenientes no processo, criando-se assim novos comportamentos e mentalidades. No entanto, nestes dois terços também temos que considerar as situações por acção dolosa e negligente. Estas últimas são bastantes e, naturalmente, que resultam do mau uso do fogo, porque o fogo tem que existir e ser usado, mas correctamente.

P – O que se pode fazer para contrariar essa situação, para além das campanhas de sensibilização?

R – Naturalmente que não são as campanhas de sensibilização que evitam os incêndios. Mas elas servem, de certa forma, para mobilizar as populações no que diz respeito a este procedimento e às práticas correctas numa gestão mais harmoniosa da floresta.

P – O que é que não gostaria de ver acontecer este Verão, depois de ter passado o Inverno empenhado na prevenção?

R – Não gostaria de ver o país, concretamente o nosso distrito, a arder como temos visto nos anos anteriores. Para isso temos que despertar-nos uns aos outros e voltar a ter gosto pela floresta. É também necessário que cada um de nós interiorize este interesse que é colectivo, porque muitas vezes há a noção de que “não é meu, não me preocupo”.

P – Projectos futuros para o gabinete?

R – Depois de percorrermos o distrito com as campanhas pretendemos levar a efeito, numa data mais próxima do novo período crítico de incêndios, um seminário distrital que possa englobar alguns estudos e apresentações de natureza científica e operacional. Esperamos que daí possa resultar alguma informação para a população para que os comportamentos do próximo ano visem a prevenção dos incêndios.

P – E já há previsões em relação ao seminário?

R – Estamos a efectuar reuniões no sentido de agendarmos a data, que, em princípio, prevê-se que ocorra em Abril. No entanto, ainda estamos a estabelecer contactos para sabermos da disponibilidades dos oradores que pretendemos trazer.

P – Em relação à ligação entre GNR e bombeiros, acha que essa é a melhor política no combate aos fogos florestais?

R – Houve desde sempre uma colaboração muito estreita entre a GNR e o Serviço Nacional de Bombeiros, não só no combate mas em missões de protecção civil. Contudo, este ano no sistema nacional de defesa da floresta contra incêndios estão integrados agentes como a GNR, o Serviço Nacional de Bombeiros e a Direcção Geral dos Recursos Florestais. Nesse âmbito estive ligado, enquanto oficial de ligação da GNR para o distrito da Guarda, e sinto-me satisfeito por ter desempenhado essa função e ter participado numa equipa que funcionou sempre muito bem e num espírito de colaboração. Penso que os resultados são positivos. Como tal só tenho que considerar que a parceria, desde que seja bem entendida e haja colaboração, poderá trazer resultados positivos.

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