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«Temos que desmistificar a imagem dos gabinetes de jovens»

Entrevista – Cara a Cara

P – O que é o Espaço Adolescente Mais (A +)?

R – É um espaço do Centro de Saúde da Guarda onde pretendemos dar apoio, nas mais variadas áreas, mas, obviamente, mais relacionadas com a saúde, aos jovens da cidade. Chamámos-lhe Espaço A + porque consideramos que a adolescência é, hoje, um período mais longo e tem de abarcar os jovens dos 14 aos 25 anos. É um serviço de apoio anónimo, gratuito e totalmente confidencial.

P – Como surgiu a ideia de lançar esta iniciativa e com que objectivos?

R – Os profissionais de saúde que aqui trabalham sabem que os jovens têm alguma dificuldade em frequentar os serviços, em especial na área da sexualidade, porque são muitas vezes apontados. Eu trabalho há muito tempo na área do planeamento familiar e ali deparamo-nos com jovens que andam por aí perdidos sem saber como fazer face a algumas dúvidas que lhes surgem, então achámos por bem tentar estruturar uma unidade onde eles possam ser encaminhados sem serem rotulados.

P – Como vai funcionar?

R – Há muitos jovens a procurar este tipo de ajuda. É importante referir que a vinda deles não fica registada e que este espaço será o que eles quiserem. Não haverá marcação prévia, estaremos abertos às quartas-feiras, entre as 13 e as 17 horas, e serão atendidos no próprio dia, sozinhos ou em grupo, porque, muitas vezes, há dúvidas que surgem em grupo e preferem vir com outros colegas. Também podem ligar para o 271-200801, comunicar por “Messenger” ou pelo e-mail espaco.a.mais@hotmail.com

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P – Em que áreas pretendem dar apoio?

R – Isto é um espaço para os adolescentes. O nosso objectivo é ajudá-los a crescer e a fazerem, de forma responsável, opções de vida o mais equilibradas possível. Temos que desmistificar a imagem dos gabinetes de jovens, pois, geralmente, pensa-se que só servem para fazer planeamento familiar, também será para essa função, mas talvez seja mais virado para os afectos. Será muito mais que isso. Pretendemos indicar comportamentos de vida saudável, alterações comportamentais, alimentares, imagem corporal até, porque não, alguma situação em particular, em que eles não sabem muito bem porque vêm, mas acabam por vir, conversam e podemos indicar-lhes alguma ajuda.

P – Projectos?

R – Este programa surge da nossa boa vontade e irá crescendo à medida que as coisas forem acontecendo. Posteriormente iremos criar um cronograma de actividades, que podem inclusive ser sugeridas por eles. Não está nada pensado, e se os jovens entenderem e solicitarem algumas actividades tentaremos fazer o que for possível.

P – Quantos adolescentes esperam conseguir ajudar?

R – Tantos quantos vierem, nem que seja só para ouvirem uma palavra de conforto. No dia em que abrimos tivemos dois casos, que julgamos ter orientado bastante bem. No Espaço A + somos duas enfermeiras a receber, dois médicos, para os quais encaminharemos os jovens caso seja necessária, e uma psicóloga que se disponibilizou para dar apoio. Começámos a divulgar este projecto nas Festas da Cidade e esperamos que haja bastante adesão por parte dos adolescentes.

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