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Teatro Virtual estreia hoje

Filme produzido pela ASTA contou com a colaboração de 134 cibernautas

Após oito meses de trabalho, a ASTA – Associação de Teatro e Outras Artes estreia esta noite, no Centro Cultural Raiano de Idanha-a-Nova, o Teatro Virtual, peça desenvolvida on-line com a colaboração de 134 cibernautas dos quatro cantos do mundo. Embarcaram neste desafio portugueses, espanhóis, franceses, americanos, brasileiros, mexicanos e marroquinos.

O filme, que aborda o teatro num mundo dominado pelas novas tecnologias, dura 31 minutos e é protagonizado por 15 actores e nove figurantes. “(Teatro) Virtual”, “Textos e Linguagens”, “Internet como Televisão”, “Se não houvesse telemóveis”, “Humanismo das Tecnologias”, “Arte na Televisão”, “Novas Gerações” e “Futuros” são os temas abordados. Para se chegar a este resultado foram trocadas 10.870 mensagens no “chat”, durante as quais foi afastada a ideia original de uma peça ensaiada e filmada em estúdio. A Serra da Estrela, os gabinetes da UBI ou o Teatro Garcia de Resende, em Évora, são alguns dos espaços que se podem visualizar no filme. «Foi um trabalho moroso, experimental e pioneiro, mas posso dizer que estou bastante satisfeito com o resultado», confessa o director da ASTA, entusiasmado com a participação dos cibernautas. António Abernú considera o resultado final «interessante» e garante que «consegue reflectir o que foi o processo de trabalho e as ideias dos participantes».

“Teatro Virtual” é composto por várias histórias e personagens que se cruzam na vida real ou em espaços virtuais. Ao longo das oito cenas, há ainda mensagens retiradas de uma crónica de Fernando Lanhas e de textos de Jacinto Lucas Pires. Depois da Idanha, o filme vai ser apresentado em Lisboa (dia 19), na secção “Atmosferas” do festival Eticnology, e na Covilhã (dia 24), no anfiteatro da Parada na Universidade da Beira Interior. Simultaneamente, será legendado em espanhol e inglês e disponibilizado para “download” no site www.teatrovirtual.net. De resto, a ASTA está já a pensar noutras acções para dar continuidade ao projecto, nomeadamente a transposição do filme para um espectáculo de palco.

ASTA profissionaliza-se e desenvolve “Cruciform Theatre”

A ASTA conseguiu este ano a designação de companhia profissional de teatro pelo Instituto das Artes. «Era uma coisa que esperávamos, mas não pensávamos que acontecesse tão cedo», confessa António Abernú, para quem o estatuto é o «reconhecimento do nosso trabalho». O grupo surgiu em Maio de 2000 e, entre várias animações de rua, conta já no seu currículo com as peças “O Pequeno Monstro”, “Canto de Sereias”, “Idiotas”, “E por vezes – poesia encenada”, “Natal dos Brinquedos” e “Os Super Maus”. Para este ano está previsto um novo trabalho. Trata-se do “Cruciform Theatre”, uma forma inovadora de encarar o teatro e a sua relação com o espectador. O cenário da peça assenta numa cruz simétrica, o que, mediante o lugar que ocupa, permite a cada espectador ter perspectivas diferentes do espectáculo. Esta produção vai basear-se num poema de Ruth Mandel, “Humanidade”, e será encenado por Harvey Grossman e Pieter Devynck, ambos do Instituut Voor Sheppende Ontwikkeling. O projecto é apoiado pelo Ministério da Cultura da Bélgica e a Fundação Calouste Gulbenkian, que garantiram a vinda da estrutura “Cruciform Theatre”.

Liliana Correia

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