O novíssimo grupo Produções Próspero apresenta amanhã e sábado no Teatro Viriato, em Viseu, “A Tempestade”, de William Shakespeare, com encenação do inglês Tim Carrol para um elenco português, do qual fazem parte Diogo Infante, Diogo Dória, Sandra Faleiro, entre outros. Trata-se de uma obra-prima intemporal sobre a natureza humana baseada no eterno duelo entre o bem e o mal estreada em Janeiro no Teatro Municipal S. Luiz, em Lisboa. Os espectáculos são precedidos, hoje e amanhã, por um “atelier” de descoberta da peça orientado por Rogério Vieira e Valerie Braddell.
Tim Carrol, director associado da companhia Shakespeare´s Globe, recuperou e encenou a última peça escrita por William Shakespeare (1564-1616), uma comédia em cinco actos que é considerada a mais simbólica, visto ser entendida como o adeus do poeta. Nesta obra discutem-se conceitos de poder e sua legitimidade, ideias de magia e de natureza, e a relação destes com o tema do valor das ciências, bem como os próprios valores da justiça, da misericórdia, da liberdade e da pura alegria de viver, reflectindo-se uma preocupação universal com a rectificação do mal através da descoberta individual. “A Tempestade” é uma história de vingança, dor e conspiração, mas é também uma história de amor e de reconciliação. No fundo, contempla o triunfo do mal sobre o bem, a ambição de domínio e a reconciliação. A peça foi considerada como uma das obras mais criativas e bem-acabadas de Shakespeare, que promove a fusão entre o mundo humano, real, e um mundo imaginário povoado de fadas e elfos. Os personagens mais célebres são Próspero, Ariel e Calibã, além de Miranda e Fernando, que vivem uma romântica história de amor.
Nesta “Tempestade” de Tim Carrol, o papel de Próspero – uma espécie de grande senhor e mestre de cerimónias da ilha encantada – foi convertido num papel feminino. Próspera é mãe de Miranda, a princesa virtuosa, e a sua autoridade, entre a fúria e a clemência, toma um carácter um pouco diferente da estória original. A peça conta a história de um rei (neste caso uma mulher, Próspera) cuja coroa é usurpada pelo irmão (António), através de um golpe de estado. Em consequência, Próspera e sua filha Miranda são desterradas para uma ilha. Aí, concentra-se na vingança, pensado em provocar uma tempestade no mar para castigar os seus traidores. Mas o plano começa a correr mal, quando a filha se apaixona por um dos aleivosos (Ferdinando, filho de Alonso). O ódio começa progressivamente a ser substituído pelo perdão. Tim Carrol iniciou a sua carreira na English Shakespeare Company para quem encenou “Julius Caesar”, “Cymbeline” e “The Tempest”. Como director associado do Northcott Theatre, em Exeter (1994/5), encenou muitas produções, incluindo “Amadeus”, “The Last Yankee”, “Charley’s Aunt”, “Abigail’s Party” e diversas novas peças. Recentemente, foi nomeado primeiro director associado do Shakespeare’s Globe, em Londres, onde encenou, entre outras, “Augustine’s Oak” (1999) e “Macbeth” (2001). Em 2002, encenou “Twelfth Night” no Middle Temple Hall e no Globe – produção que recebeu prémios do jornal “Evening Standard”, da revista “Time Out” e do “Critics’ Circle”. Os ingressos custam 10 a 20 euros, sujeitos aos habituais descontos, e podem ser adquiridos nos dias do espectáculo ou reservados em www.teatroviriato.com.
Luis Martins