No ano em que assinala dez anos de profissionalização e trinta de existência, o Teatro das Beiras propõe para esta temporada três novos espectáculos assentes no trabalho desenvolvido até agora pela companhia. A representação de grandes nomes da história do teatro, a aposta em novas dramaturgias e a formação de novos públicos estarão presentes na programação para 2004, lado a lado com acções de formação, exposições, programação de eventos musicais e teatrais e a realização do habitual Festival de Teatro no Outono.
“A História de Jason”, da autoria e encenação de Nuno Pino Custódio, actual director artístico do Teatro das Beiras, será o primeiro espectáculo a subir ao palco no corrente ano. Com estreia prevista para o próximo dia 27, a peça é «inspirada» no romance “Concerto no fim da Viagem”, do norueguês Erik Fosnes Hansen, que conta a história do maestro da orquestra do “Titanic”, Henry Hartley Wallace, falecido no naufrágio de 15 de Abril de 1912. Centrado na personagem fictícia Jason Coward, que é a «diferença e a cor» do espectáculo, “A História de Jason” tem a «”Belle Époque”, Titanic e a música» como «pano de fundo», explica o autor. É uma história que fala «sobre o humano», sobre a partilha de experiências, emoções e pensamentos. No fundo, «um encontro de quem faz e de quem vê o espectáculo», acrescenta Nuno Pino Custódio. “O Cavaleiro da Armadura Enferrujada”, de Isabel Bilou, e a “Crónica dos Dias Ímpares”, de Eduardo de Filippo, encenado por José Carretas, são as restantes produções previstas para Março e Outubro, respectivamente. A primeira peça, encenada pela autora, é dedicada aos mais novos, contribuindo assim para a «criação de novos públicos», enquanto o segundo espectáculo é uma «selecção de textos cómicos» do autor italiano retirados da “Cantata dos dias impares” e é considerada como a «grande produção» deste ano, frisa o director artístico do Teatro das Beiras.
Entretanto, será ainda encenado ao longo de 2004 um espectáculo de Commedia dell’Arte para estrear no início de 2005. Uma peça que ainda não tem título mas que irá centrar-se em personagens típicas do teatro de máscaras e para a qual a companhia irá realizar “workshops”. O director do Teatro das Beiras, Fernando Sena, espera que 2004 represente «o ano da consolidação do trabalho da companhia» que, ao longo de 30 anos de existência e dez de profissionalização, tem contribuído para a implementação de um projecto cultural para a Beira Interior, apesar das «dificuldades económicas». «Conseguimos fazer teatro em quase todos os concelhos do distrito e em alguns do distrito da Guarda», sublinha, salientando, contudo, a existência de espaços como o de Proença-a-Nova, Sertã, o Centro Cultural Raiano ou o Cine Teatro Avenida, construídos nos últimos anos e que só «facilitam» o trabalho dos actores e da companhia, remata.
Liliana Correia
