Em todos os concelhos há doentes hemofílicos que necessitam de ser transportados para o Centro de Hemodiálise da Guarda. Trata-se de um serviço habitualmente prestado pelas empresas de táxi ou ambulâncias, mas no concelho da Mêda é assegurado pelo mesmo taxista a uma única utente, rompendo com o regime rotativo imposto pela Sub-Região de Saúde. A indignação e a revolta já levaram os taxistas medenses a reclamar igualdade de tratamento junto da autarquia local e da Sub-Região de Saúde da Guarda, através de requerimentos e reuniões. Mas tudo continua na mesma.
«Só na Mêda esse serviço é prestado apenas por um táxi», assegura Manuel Rebelo, delegado da ANTRAL – Associação Nacional dos Tranportadores em Automóveis Ligeiros no concelho, e o primeiro signatário dos requerimentos enviados à Sub-Região de Saúde. Desde Setembro de 2004 que os taxistas reclamam «o mesmo que existe noutros concelhos, que haja rotatividade no serviço», explica Manuel Rebelo.», reclama em nome dos restantes seis industriais de táxi radicados na Mêda, que se sentem lesados com esta situação. Em causa está uma utente do Vale Flor, que faz hemodiálise todas as segundas, quartas, sextas-feiras e, ocasionalmente, ao domingo. Pelos vistos a senhora prefere ser transportada pelo mesmo taxista «e não pelos outros» por supostamente não lhe darem «o apoio necessário, atendendo à sua situação clínica», lê-se numa carta a que “O Interior” teve acesso. Num requerimento enviado à coordenadora da Sub-Região de Saúde, os taxistas medenses solicitaram a imposição de uma escala. Aliás, «a própria ARS impôs em Agosto passado que o serviço de transporte dos doentes fosse feito em regime de rotatividade», recorda o taxista lesado. Mas isso não acontece na Mêda.
Em resposta, Maria Emília Pina, coordenadora subregional da Guarda, salvaguardou-se nos princípios do Serviço Nacional de Saúde consagrados na Constituição e disse que devia «primordialmente atender, em cada caso concreto, à vontade dos seus doentes», escreveu num ofício. Entretanto, os taxistas voltaram a requerer um tratamento «igual e justo», até porque o colega em causa estava impossibilitado, «por motivos de doença», de realizar o transporte, refere Manuel Rebelo. No final de Janeiro, o presidente da Câmara da Mêda, João Mourato, também solicitou uma reunião com a coordenadora da Sub-Região de Saúde e todos os interessados mas por causa da sobrecarga de serviço de transportes de ambulâncias dos bombeiros da cidade. Depois de vários requerimentos, a coordenadora acabou por ceder e receber em Fevereiro os delegados da ANTRAL. Segundo Emília Pina, o problema «já foi ultrapassado». O problema é que Manuel Rebelo não acha o mesmo: «Tudo continua na mesma e agora já é o próprio proprietário do táxi que assegura o serviço, visto que o outro colega faleceu na semana passada», diz.
Patrícia Correia