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Talvez parar?

Bilhete Postal

Estive a pensar nestes 14 anos de trabalho onde se descobrem motes, onde vertemos palavras sobre pequenos nadas e onde vamos elaborando um discurso. Foram já milhares de crónicas de jornal que escrevi. Tenho um saco de tudo, da mediocridade ao interessante, da falha ortográfica ao desacerto na pontuação, do verso à prosa divertida. Fui lido, fui copiado e fui criticado e citado. Tudo isso torna importante o ter feito crónicas. São histórias que tem a mundanidade e a vida comum por base. Dedico-me ao pouco e nele burilo a organização do pensamento. Procuro distinguir bem e mal, procuro encontrar fatias de raciocínio com alguma coerência. Entro por terrenos escuros, por vezes em alta velocidade, corro o risco da impreparação, aproximo-me da conflitualidade, abano alguns lugares comuns e tento fascinar com novos saberes, descobrir conceitos, encontrar definições, outras linguagens do conhecimento. A crónica ideal é cheia de graça, diz muitas verdades, relata factos e termina com uma apreciação. Não cheguei lá! A crónica que escolhi é pequena, sucinta, e tenta uma história ou um conto ou uma avaliação. Por vezes é política, outras falam de pessoas, até de amor, outras quase agridem gente e gestos e coisas que me ofendem ou zangam. Uma catarse pessoal que me é permitida por um diretor de jornal. Eu decidi não parar, enquanto ele quiser fico, quando me convidar a sair já tenho um saco cheio de letras onde posso repousar as inquietações.

Por: Diogo Cabrita

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