É frequente encontrarmos em casas particulares, em lojas de antiguidades, ou mesmo em áreas ajardinadas, potes de cerâmica de grandes dimensões, cuja função seria armazenar alimentos, líquidos e sólidos. As talhas são construídas a partir de argila, e foram fabricadas durante um período temporal muito lato, ou seja, são conhecidos exemplares desde a Proto-história até ao século XIX e mesmo XX. Esta longa diacronia de utilização prende-se com a sua função, isto é, dado que servia para guardar produtos alimentares, a forma manteve-se durante séculos.
Não obstante, é possível verificar a sua evolução ao longo dos tempos, desde a Proto-história com dimensões mais reduzidas, suficiente para guardar, por exemplo, bolotas (informações resultantes de escavações arqueológicas).
Com o Império romano a sua utilização generalizou-se e na Idade Média há a continuação da sua utilização, apesar de, neste período serem também conhecidos os silos, com a mesma função de armazenamento de produtos alimentares, com revestimento cerâmico ou apenas escavado no afloramento rochoso, mas de maiores dimensões. Foram detectados diversos silos em áreas defensivas, como o caso do castelo de Belmonte.
É através das intervenções arqueológicas que podemos retirar um maior número de informações sobre as talhas. Dado que possuem uma longa diacronia de utilização só podem ser datados correctamente quando encontrados em registo arqueológico, associado a outros vestígios.
Contudo, por vezes, é possível atribuir uma datação a estes exemplares, especialmente quando possuem características específicas, como os cordões plásticos, ou as talhas do mundo islâmico, com decoração em corda seca, denotando a importância que estes exemplares possuíam nas comunidades humanas.
Por outro lado, através do estudo das características destes exemplares é possível conhecermos melhor a função específica de cada um, como a presença de rebordos exteriores junto aos bordos, que impossibilitava o acesso de formigas ao seu interior.
Embora, por vezes, estas informações nos pareçam insuficientes, são uma ajuda na compreensão das comunidades humanas ao longo dos séculos, permitindo-nos um melhor conhecimento da sua economia, dos seus hábitos, a sua organização.
Verificámos que ao longo dos séculos houve a manutenção de diversos objectos, considerados úteis no quotidiano dos homens. Através do seu estudo é possível compreendermos melhor aqueles que nos antecederam no espaço e no tempo.
Por: Vítor Pereira
