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Suspeito de matar a mulher em acidente simulado nega factos

Advogado de Rui Andrade vai requerer a reconstituição do acidente e a realização de uma nova autópsia

Rui Andrade, suspeito de matar a mulher simulando um acidente de carro na zona de Seia, em novembro de 2014, negou os factos de que é acusado.

Na passada quarta-feira, na primeira sessão do julgamento na Guarda, o arguido de 39 anos optou por prestar declarações, tendo recordado a vida com a vítima, Ana Rita Antunes, num depoimento que fez transparecer uma existência feliz do casal, que tem duas filhas menores. Chegou mesmo a chorar quando disse que «existíamos um para o outro» e que «não havia discussões, não existiam de todo». No entanto, chamado a pronunciar-se sobre factos da pronúncia pelo juiz e pelo advogado da família, Rui Andrade declinou responder sobre «a degradação do relacionamento», a acusação de «intimidar e pressionar a companheira por ciúmes, a partir de 2013» e sobre a instalação de um “spyware” no telemóvel de Ana Rita para aceder ao seu conteúdo.

O economista, detido preventivamente há um ano, afirmou que não elaborou «um plano para matar» a advogada de 38 anos e que «em momento algum» a companheira lhe disse que pretendia separar-se. «Éramos um para o outro», repetiu. O arguido confirmou que fez pesquisas na Internet sobre traumatismos crânio-encefálicos, mas porque lhe pareceu a mulher «não estava bem» em consequência de um acidente de carro, a 29 de março de 2014. «Dizia coisas sem nexo. Foi a partir daí que houve uma alteração na Rita», declarou, acrescentando que, dessas pesquisas, concluiu que a companheira «apresentava alterações comportamentais e neurológicas». Mas, confrontado pelo advogado da família, não conseguiu dizer quais, nem se este “diagnóstico” foi confirmado por um médico especialista. Rui Andrade explicou também que não fugiu do local do acidente «porque sabia que não tinha feito nada de mal» e revelou que, após ter sido detido, pediu às autoridades para ir ao velório e ao funeral de Ana Rita, mas foi impedido.

O economista está a ser julgado, por um tribunal de júri, pela alegada prática de um crime de homicídio qualificado e de um crime de sabotagem informática. No início da sessão, o seu advogado anunciou que no decurso do julgamento a defesa iria «fazer a contraprova do que figura na pronúncia», referindo que Rui Andrade se confronta «com a suspeita de que o falecimento [da companheira] foi provocado por ele próprio». O advogado propôs a reconstituição do acidente e a realização de uma nova autópsia para determinar «exatamente como foi que ocorreu o falecimento» da mulher. A família da vítima pede uma indemnização cível de 240 mil euros num julgamento – em que foi proibida a recolha de imagens – que tem arroladas mais de 90 testemunhas, grande parte das quais de defesa, entre as quais o pai de Ana Rita.

Luis Martins Arguido entrou pelo estacionamento do Tribunal da Guarda numa carrinha celular

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