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Suinicultura da Vila do Carvalho encerrada há mais de meio ano

Populares querem agora a resolução do problema paisagístico e a realização de análises à água

Há mais de meio ano que a empresa agro-pecuária de Vila do Carvalho encerrou as portas, após várias contestações da população local à poluição ambiental e maus cheiros causados. Além de estar implantada em Reserva Ecológica Nacional (REN) e no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), a suinicultura passou a estar no centro das atenções desde que uma vala comum a céu aberto, com duas dezenas de animais mortos, foi descoberta pela GNR, em Fevereiro do ano passado.

Apesar de estarem «satisfeitos» com o encerramento da actividade pecuária e o fim dos maus cheiros, há quem defenda na Vila do Carvalho a necessidade de se efectuarem análises aos lençóis freáticos por causa das fossas com porcos mortos. Além disso, reclama-se com urgência a resolução da paisagem urbanística. «O imóvel é um atentado agressivo à paisagem do PNSE e da Vila do Carvalho», refere a “O Interior” um dos populares. Opinião partilhada, de resto, por Jaime Chiquita, que se regozija no entanto com a «resolução» da poluição ambiental causada pela exploração agro-pecuária. Contudo, desconhece o futuro daquele edifício, que esteve a laborar durante anos de forma «ilegal». Na altura em que encerrou a actividade, o proprietário tinha manifestado à autarquia a vontade de urbanizar o terreno para poder rentabilizar o investimento. Contudo, nenhum pedido deu entrada na autarquia e por ora nada aponta no sentido da sua resolução.

Questionado sobre o assunto, Carlos Pinto diz que o futuro do imóvel não é da responsabilidade da autarquia, mas do proprietário. De resto, sente que a Câmara já cumpriu o seu papel ao conseguir «acabar com a agressão ambiental» que existia na zona. «Coisa que outros não foram capazes», destaca, referindo-se claramente às entidades ambientais e de saúde pública, que «nada fizeram». Além dos diversos contactos com o proprietário, a autarquia chegou mesmo a limitar, em Agosto passado, a circulação de veículos pesados no acesso à suinicultura com vista ao seu encerramento. Isto porque, apesar de terem sido instaurados inquéritos e contra-ordenações pela Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior (DRABI) e Direcção-Geral de Saúde após a descoberta da GNR, a suinicultura continuou em actividade com cerca de três centenas de animais. Entre as várias acusações estava o facto de ter um sistema de descarga de efluentes prejudiciais para o domínio hídrico e más condições de tratamento dos animais no armazém. A suinicultura não tinha igualmente licenciamento para a exploração da actividade.

Fonte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) disse a “O Interior” que aquela entidade está disposta a efectuar análises químicas à água e aos solos desde que os populares as reivindiquem. E adianta já ter sido diligenciado junto do Ministério do Ambiente a possibilidade de se utilizarem os efluentes das lagoas da agro-pecuária para a irrigação dos solos agrícolas, caso as análises não acusarem contaminações. “O Interior” ainda tentou contactar o proprietário, mas tal não foi possível.

Liliana Correia

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