O confronto entre o Sporting da Mêda e o Desportivo de Trancoso era um dos mais aguardados da 22ª jornada do Distrital da Guarda por colocar frente-a-frente duas equipas vizinhas e separadas por apenas um ponto na tabela classificativa. Levou a melhor a equipa da casa, que venceu por dois golos sem resposta, desperdiçando várias ocasiões para construir um resultado mais volumoso frente aos homens da “vila de Bandarra” que se apresentaram desfalcados de cinco habituais titulares. O avançado medense Paulo João foi o “homem do jogo”, não tendo dado descanso à defensiva visitante.
Ainda as duas equipas se estudavam mutuamente quando o Sporting da Mêda inaugurou o marcador, à passagem do segundo minuto de jogo. Paulo João teve uma boa incursão pelo lado direito do seu ataque, entrou na área para centrar para o miolo do terreno onde, num lance infeliz, Bruno Lopes desviou para a sua baliza, com Zé Luís a tentar ainda aliviar. O lance motivou muitos protestos dos trancosenses, que afirmam que o esférico não chegou a entrar na baliza, mas o árbitro Daniel Soares validou o golo. Apesar deste tento sofrido muito cedo, o Trancoso reagiu bem, passando a dominar as operações a meio-campo, embora as melhores oportunidades tenham pertencido aos donos da casa. Aos 20’, Edson rematou bem à entrada da área, descaído para o lado direito, obrigando Hélder a defesa apertada. Aos 28’, Paixão, de livre directo, acertou no poste da baliza forasteira. Quanto ao Trancoso, a única ocasião que dispôs para empatar no primeiro tempo teve lugar aos 34’, com João Ferreira a proporcionar uma grande defesa a Paulo Jesus. Ainda antes do intervalo, Paulo João voltou a desenhar uma boa jogada pelo flanco direito, mas depois de ter passado por Hélder, atirou fraco, permitindo a intervenção de um defesa contrário.
Na segunda metade, o Trancoso até entrou melhor, criando uma boa oportunidade por Daniel Pinto, mas pouco mais fez, com o Mêda a aproveitar para ampliar a vantagem e justificar o triunfo aos 49’. Após um lançamento longo para as costas da defensiva forasteira, com Paulo João a intrometer-se entre os centrais contrários, este “picou” o esférico sobre Hélder que tinha saído da sua baliza, com Nuno Carvalho a limitar-se a empurrar a bola para o fundo das redes. Aos 53’, Paulo João esteve muito perto de alcançar o seu merecido golo, mas viu o seu “chapéu” embater no poste direito, para três minutos depois assistir Nuno Carvalho que, em boa posição, atirou por cima. Acusando bastante o segundo golo, o Trancoso criou a última oportunidade aos 71’, com Quim, à boca da baliza, descaído para o lado direito, a atirar muito por cima. Na resposta, Rogério obrigou Hélder a mais uma boa parada, no seguimento de nova incursão de Paulo João pela direita. Daniel Soares, o “juiz” da partida esteve mal no aspecto disciplinar, nomeadamente no segundo tempo.
No final da partida, João Borrego mostrou-se satisfeito com o empenho dos seus atletas: «Na primeira parte tivemos algumas dificuldades devido ao vento, mas na segunda veio ao de cima a qualidade do nosso futebol. Não goleámos o Trancoso porque a baliza nos tirou duas e falhámos várias ocasiões», afirmou o técnico do Sp. da Mêda. De resto, as críticas referidas no final do jogo de Celorico da Beira parecem estar sanadas, com o treinador a continuar a merecer o apoio de todos os elementos da direcção do clube. Já Carlos Ascensão, técnico do Trancoso, considerou o resultado «enganador», porque «a bola não entrou no primeiro golo, foi uma precipitação do árbitro, que depois tomou consciência disso, o que foi visível ao longo do jogo», disse, reconhecendo, no entanto, que a ausência de cinco titulares «fragilizou um pouco a equipa».
Ricardo Cordeiro