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“Sou um animal feroz”

Sinais do Tempo

O Primeiro Ministro (PM) continua a fazer lembrar o “Homem da Regisconta”, distribuindo Magalhães por todo o lado, seja em Portugal, Venezuela ou Cabo Verde. O referido “homem” fazia-se acompanhar de uma mala e era vendido pelos publicitários da TV com o seu ar limpo, engravatado, honesto, sério, rápido e, acima de tudo, eficaz.

A Regisconta foi uma empresa de sucesso que, entre outras, vendia máquinas de escrever e material informático, mas perdeu o comboio quando os computadores se proletarizaram e as máquinas de escrever se mudaram para os museus.

O Engenheiro Sócrates apresenta nesta altura um elevado desgaste da sua imagem, independentemente dos casos Freeport, Licenciatura ou Projectos da Guarda, sendo que a maior responsabilidade cabe à falta de inspiração ou mesmo de ideias do discurso. Na realidade a mensagem que passa é constante e o estilo não muda. O Partido Socialista é agora “o grande partido popular da esquerda democrática moderada”. Mas o que me surpreende é que após quatro anos, as sondagens continuam a apresentá-los (quer o PS quer o PM) nos lugares cimeiros, embora com uma perda na ordem dos 6% de eleitores.

A ajudar a imagem do Governo temos a fúria do Ministro Mário Lino em busca de algum local público que ainda não tenha placa de inauguração, tudo com pompa, circunstância e croquetes. Também Vieira da Silva veio à Guarda para um duplo trabalho, inaugurou enquanto Ministro uma Residência Sénior (para a qual consta que nada contribuiu) e aproveitou para reunir com os militantes do partido. Apenas o Ministro Pinho, infelizmente para a economia nacional, assiste aos encerramentos de empresas, este sim nós queríamos que inaugurasse.

Passaram quatro anos e como qualquer político que se preze, o Engº Sócrates vai convencer-nos a esquecer as promessas não cumpridas, levando-nos a reter apenas as promessas a cumprir no futuro. É a vantagem de se identificar como um animal feroz, que habitualmente têm uma memória curta.

O ilhéu é também um animal

(político)

Quem vai cumprindo as promessas é Alberto João Jardim, apresentando-se a ilha aos nossos olhos tal e qual um queijo suiço. Na realidade temos agora duas ilhas, a romântica em que a viagem se faz lenta, pausadamente e a eficaz em que o viajante ou o comerciante a atravessa rapidamente, permitindo que o investimento hoteleiro invada outros espaços. Obviamente que aos nossos olhos ele é um politiqueiro, sem ideologia e popularucho. Por vezes Alberto João tem conceitos de democracia muito próprios, principalmente no que diz respeito à comunicação social e a quem está na oposição.

Há oito dias discutia-se na Assembleia Regional a distribuição de publicidade institucional pelos jornais, sabendo-se que os escolhidos são os que não dizem mal. Para um dos deputados do PSD esta é uma situação “normal” porque «ninguém convida para casa quem não se gosta». Na realidade o PSD Madeira governa a ilha como se fosse a própria residência e quem não estiver bem que se mude.

Chamem-lhe “bobo da corte” e ele chama-os de “bastardos” para não dizer pior.

Com mais ou menos impropérios, Alberto João conseguiu autorização para mais um empréstimo de 50 milhões de euros que não contam para o endividamento do Governo Regional. Qual terá sido a contrapartida?

Mas, com ou sem democracia, com ou sem ideologia, ao olharmos para as sondagens (Nacionais ou Regionais) percebemos quem são os escolhidos. Uma manifestação com 200 000 pessoas terá sempre o valor que lhe quisermos atribuir, porque aos olhos de alguns ex políticos, não passa de uma manobra da esquerda e uma demonstração de organização do PCP.

Os cães ainda ladram (muito poucos) e a caravana passa … indiferente.

Por: João Santiago Correia

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