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«Somos um projeto que dá mais pelos estudantes sem esperar nada em troca»

Cara a Cara – Francisca Castelo-Branco

P – Quais os motivos que a levaram a candidatar-se à presidência da AAUBI?

R- Primeiro que tudo, candidatei-me à presidência da direção da AAUBI pelo Projeto C – um projeto que tem representado do melhor modo todos os estudantes nos diversos órgãos representativos da Universidade da Beira Interior. Isto porque tive o privilégio de poder acompanhar de perto o seu nascimento e crescimento. Este é um projeto com três anos de caminho, um projeto de pessoas que, tal como eu, “vestem a camisola” para trabalhar e fazer sempre mais e melhor pelos estudantes. Nos últimos anos temos assistido à caída do nosso país e consigo, do ensino superior, é neste contexto e com a equipa que trago comigo que decidi “arregaçar as mangas” e dar mais de mim reafirmando e alargando as conquistas do Projeto C.

P- Quais os principais projetos para o mandato?

R- Temos um objetivo muito claro, que vai no sentido de conseguir cobrir três áreas essenciais nos dias de hoje: a Ação Social, a Pedagogia e o Desporto. A Ação Social é um pilar fundamental desta associação. Como sabemos e direta ou indiretamente também o vivemos, o país está a atravessar uma fase crítica do ponto de vista económico-financeiro e consequentemente estamos em pleno campo de batalha contra o aumento do abandono escolar. Desta forma, é imperativa a busca atenta e contínua de soluções que ajudem quer os estudantes atuais, quer os estudantes que possam vir, nos diversos problemas que estes enfrentam. Em termos politico-pedagógicos existem pontos importantes a ter em atenção como a existência de critérios de financiamento do ensino superior mais justos para as instituições e a Revisão do Regime Administrativo Pedagógico em conjunto com os núcleos, os estudantes e a Reitoria. No desporto, investir na divulgação do desporto universitário para uma maior e melhor captação de estudantes para representar a Academia. Também nas Academias de Formação AAUBI – criadas pelo Projeto C – que já contam com três modalidades (Futsal, Patinagem e Rugby), queremos continuar a apostar na sua promoção para a evolução e crescimento do projeto. Internamente temos projetos concretos como a dinamização da biblioteca da AAUBI, a requalificação do nosso auditório e ainda a reativação da Capela da AAUBI, articulando-a com a capelania. Faz também parte do nosso projeto a consecução do SAI – Serviço de Apoio ao Idoso – que consiste num apoio multifacetado ao Idoso, auxiliando-o nas diferentes ações do quotidiano em que possa precisar de ajuda, como por exemplo a mudança de uma lâmpada, ajuda na manutenção da casa, ou simplesmente 10 minutos de companhia. Queremos ainda promover o projeto “ConheçAS” com o objetivo de divulgar as formas de apoio social existentes e realizar um vídeo promocional que demonstre a vida académica ubiana de modo a levar a todas as secundárias da região, combatendo assim o abandono escolar na transição escola-universidade. Reforçar os laços que os núcleos culturais têm com a cidade e as suas diferentes instituições e fomentar uma política de proximidade quer para com os estudantes com o auxílio dos núcleos, quer para com a Reitoria, os Presidentes de Faculdade e o Provedor de Estudante, são outros dos nossos objetivos.

P – Como está a AAUBI financeiramente?

R- A AAUBI está em recuperação financeira. Quando ao longo da campanha defendi que o Projeto C devolveu a associação aos estudantes não estava a excluir a parte financeira. Claramente que estes pontos delicados não se reestruturam e recuperam num dia e é todo um processo que está em curso. Ainda assim, o Projeto C tem trabalhado bem e conseguido responder a todos os desafios a que se compromete, evoluindo sem um orçamento muito dispendioso. O objetivo futuro é a auto-sustentabilização da AAUBI.

P- O que falta concretizar no “Projeto C”, uma vez que este será o quarto mandato?

R- Sendo um mandato de continuidade, claramente existe todo um trabalho que deve ser mantido, sempre limando pormenores para otimizar o conceito do projeto. A salientar temos a necessidade de uma intervenção pedagógica mais ativa por parte dos estudantes, a batalha para diminuir a abstenção nos momentos de voto, o aumento e otimização das relações inter-núcleos, a dinamização da sede no horário diurno, entre outros. Temos em mente todo um trabalho de otimização e organização deste nosso Projeto.

P- Porque aceitou dar-lhe continuidade?

R- Esta questão vai de encontro à primeira. Aceitei dar continuidade a este projeto porque me identifico com ele – é um projeto de estudantes para estudantes. Um projeto que dá mais pelos estudantes sem esperar nada em troca. Um projeto que quer crescer com a ajuda dos estudantes e com “o olhar atento” da Reitoria. Neste quarto mandato do projeto identifiquei-me com o trabalho de otimização e organização que existe para fazer o que eu chamo de “trabalho de formiga”, que exteriormente não emite ruído ou visibilidade, mas que interiormente, e se formos observar com um olhar atento, é enorme e traz tanto bem necessário. E o desafio está mesmo aqui, no balanço entre o “trabalho de formiga” e o “trabalho de gigante”, proporcionando desta forma uma AAUBI mais forte, mais preparada, mais visível e por isso mais crescida.

P- Venceu as eleições com uma clara vantagem para a Lista I, abraça este desafio com mais confiança?

R- Durante a campanha apostámos num trabalho próximo dos estudantes, decidimos ir a cada faculdade e ouvir os estudantes nas suas dificuldades, nos seus sonhos e nas suas propostas. Esta clara vantagem perante a Lista I foi a voz dos estudantes a falar mais alto! Abraçamos este desafio com mais confiança, a de 1.038 estudantes, e a de que os estudantes não têm medo de quererem crescer connosco e de serem cada vez mais parte ativa na academia.

P- A AAUBI poderá concordar com um eventual aumento de propinas no próximo ano letivo para contrariar a redução das transferências do estado?

R- Não. Uma das armas com que batalhámos durante a campanha foi precisamente esta, comprometendo-nos a lutar pelo não aumento das propinas. Aliás, basta ler as bases em que este mandato está assente para rapidamente perceber que seria incoerente concordarmos com um aumento de propinas. É nossa principal preocupação a busca contínua de soluções para ajudar os estudantes. Sim, os estudantes passam dificuldades financeiras, muitos estão longe dos pais e a maior parte das vezes passam-nas silenciosamente, terminando depois no abandono escolar. Acreditamos que em conjunto conseguimos continuar a crescer! A Academia está viva, a vida está em cada estudante!

Francisca Castelo-Branco

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