José Sócrates afirmou no passado domingo em Monte do Bispo, Belmonte, que o Regadio da Cova da Beira, cuja conclusão garantiu estar concretizada em 2010, é «importantíssimo» para a região onde está inserido, bem como para o resto do país. O primeiro-ministro presidiu à cerimónia de adjudicação dos blocos de rega da Covilhã e do Fundão do Aproveitamento Hidroagrícola da Cova da Beira, num acto que contou ainda com a presença do Ministro da Agricultura, Jaime Silva.
Sócrates assegurou que todas as obras que restam para concluir o Regadio da Cova da Beira vão estar no terreno até ao final da actual legislatura, sublinhando «já não era sem tempo», tendo em conta que se trata de uma infra-estrutura que «durou 50 anos», em que o «Estado andou a arrastar os pés», desde que foi projectada até aos dias de hoje. «Este é um projecto que desafiou a paciência a todos. É por isso que o facto de ser primeiro-ministro no momento em que acelerámos este projecto me dá particular satisfação», realçou durante a cerimónia, já depois de ter aberto simbolicamente as comportas do canal condutor principal do regadio, que tem uma extensão de 61,6 quilómetros. Anunciou que na próxima semana será adjudicado o bloco da Capinha (864 hectares) e publicado o concurso «para a última obra», o bloco da Fatela (1.133 hectares), que deverá ser adjudicada dentro de «um ou dois meses», assegurando que «até ao final da legislatura todas as obras para concluir o Regadio da Cova da Beira vão estar no terreno».
Os blocos de rega da Covilhã e Fundão vão beneficiar uma área de 3.664 hectares, cerca de 30 por cento do total que se prevê alcançar com o regadio da Cova da Beira, o segundo maior aproveitamento hidroagrícola em construção, e que representa um investimento global de 322 milhões de euros. O governante assegurou que o regadio «estará concluído no próximo ano», defendendo que a «aposta na água é absolutamente essencial na dinamização da nossa economia», considerando que este é um investimento «importante, em particular no interior, para dar mais oportunidades às empresa e aos portugueses», reforçou. Não perdeu ainda a oportunidade de ironizar em relação à oposição, sublinhando que «este regadio já não podem rasgar».
Igualmente presente na cerimónia, o ministro da Agricultura frisou que se tratam de 74 milhões de euros de investimento que «não poderão voltar atrás e que já ninguém poderá anular». Jaime Silva, que sustentou que a água «é o grande factor de competitividade no século XXI», desafiou a Associação de Regantes da Cova da Beira a contactar os agricultores, informando-os de que há ajudas específicas para modernização de explorações na Beira Interior. «Os concursos estão abertos, as ajudas vão ser pagas a tempo e horas e iremos mostrar aos portugueses que valeu a pena trazer água à Cova da Beira», frisou.
Por seu turno, o presidente da Associação considerou que «o defeito do regadio foi demorar este tempo todo a ser feito, mas penso que ainda vai ser muito utilizado», lamentando não haver um maior agrupamento de terrenos. No entanto, António Gomes mostra-se esperançado de que a actual média de cinco hectares por beneficiário na zona do regadio «pode chegar para dar origem a projectos agrícolas importantes». De acordo com o responsável, o regadio possui cerca de 1.200 beneficiários que aproveitam 60 a 70 por cento dos perto de 6.400 hectares abastecidos nos blocos da Meimoa e Belmonte/Caria. Ou seja, há 40 a 30 por cento de terras «onde já há água, mas ainda não é aproveitada», especialmente no bloco Belmonte/Caria, onde chega pela primeira vez este ano «e as pessoas ainda não têm equipamento de rega.
Ricardo Cordeiro
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