O primeiro-ministro foi a Trancoso, no último sábado, receber das mãos do social-democrata Júlio Sarmento a Medalha de Honra Municipal, atribuída pela construção da concessão Douro Interior, e enalteceu o que considerou ser «um gesto que tem nobreza e elevação». «O IP2 é um investimento justo para Trancoso e para o Norte do distrito da Guarda», afirmou José Sócrates, o primeiro homenageado com aquela distinção, a maior que o município tem para atribuir.
«Como a nossa política está a precisar de elevação e nobreza», comentou o chefe do Governo, manifestando-se «lisonjeado» com o galardão. «Sou porventura dos governantes portugueses que têm mais consciência do quanto o distrito da Guarda estava a ficar para trás por não terem sido feitos aqui os investimentos rodoviários que se fizeram no resto do país», disse José Sócrates, numa alusão aos tempos da sua infância e adolescência, em que viajava com frequência da Covilhã para Trás-os-Montes, para a terra dos pais. «Demorávamos sempre quatro horas e meia», lembrou. Constatando que a ligação rodoviária vinha sendo adiada há 20 anos, Sócrates reconheceu que, no que toca a investimentos reclamados no interior do país, existe «sempre uma boa justificação para não serem considerados urgentes». «Tínhamos todas as razões para a fazer e a primeira é que ela é justa e necessária», disse José Sócrates, para quem este «é o momento de realizar este investimento, porque há muita gente à procura de emprego e muitas empresas à procura de oportunidades para sustentarem a sua actividade», justificou.
Para o primeiro-ministro, esta obra é prioritária, «desde logo para as questões económicas», mas também por «justiça e solidariedade»: «Não queremos nenhuma região esquecida e isolada», afirmou. «No fundo, venho sublinhar a importância que tem o investimento no interior, que cria justiça e coesão, para que daí resulte um dos princípios mais nobres da nossa democracia: a igualdade de oportunidades», acrescentou. Na cerimónia – em que estiveram a ministra da Educação, o secretário de Estado da Administração Local, deputados eleitos pelo distrito e autarcas da região, entre outros –, Sócrates aproveitou para elogiar a obra autárquica de Júlio Sarmento, que disse ser «muito meritória». Antes, ouviu o presidente da Câmara falar numa «homenagem justa e retributiva» da decisão do Governo, que «permite que Trancoso fique ligado à Europa e ao país por auto-estrada». Para Júlio Sarmento, a construção desta auto-estrada representa «o maior investimento público de sempre no concelho». Daí a decisão de distinguir o chefe do Governo e «sem preconceitos políticos-partidários»: «Com esta homenagem queremos também desactualizar a teoria corrente da ingratidão política», disse. A construção da rodovia criará «novas dinâmicas de crescimento» para Trancoso, acrescentou o autarca.
