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Socialistas «uns contra os outros» no congresso

Fernando Cabral ganhou em toda a linha, numa sessão crispada e cheia críticas entre apoiantes das duas listas

Os socialistas da Guarda estiveram «uns contra os outros» no seu congresso, realizado no passado sábado, uma semana depois de ter sido adiado por falta de quórum. O veredicto é de Emílio Mesquita, que presidiu à sessão e, no final, não escondeu algum desconforto pelo que ouviu. «Houve muita crispação e falta de “fair play”, mais parecíamos adversários. Mas os nossos adversários são o atraso da nossa região, o PSD, o desemprego e as coisas negativas que se perspectivam para o distrito», sentenciou o autarca de Vila Nova de Foz Côa. Fernando Cabral e José Martins Igreja concordaram, mas deixaram muitas mazelas por curar.

Uma coisa é certa, o PS da Guarda não vai voltar a ser o mesmo. Na opinião do advogado, os consensos «balofos» acabaram mesmo: «Ninguém teve receio de criticar o que estava mal ou dizer que havia novas alternativas, programas e capacidade de liderança para além do vencedor», destaca José Martins Igreja, para quem o congresso foi «vivo». O candidato derrotado por Fernando Cabral promete estar «muito atento» ao que se vai passar na Federação daqui para a frente, mas nada de ser a «sombra» do seu adversário. «Estamos todos unidos. Houve alguns mal-entendidos, mas estas pequenas tricas fazem parte da política», diz, prometendo não atacar ou criticar o presidente reeleito nos próximos tempos. E muito menos na comunicação social. «Só se fosse uma anedota política é que o faria», garante, assumindo apenas a «obrigação de o avisar quando não estiver bem». O que não quer dizer que vai passar a ser um «”yes men” da comissão política», avisa. Já Fernando Cabral continua sem entender como passou a ser um «mal amado» de um momento para o outro. Com a maioria dos delegados, o também deputado na Assembleia da República ganhou em toda a linha ao ver ratificadas no congresso a sua moção e as listas para os órgãos federativos.

«Globalmente, o partido saiu mais forte. Não temos que dramatizar o sentido de algumas palavras, pois o adversário está lá fora», considera, esperando que certos militantes tenham, a partir de agora, uma «atitude responsável». Nesse sentido, avisa que o PS só poderá falar «a uma só voz» para o exterior. «Não pactuarei com outra situação», garante. Em termos políticos, Fernando Cabral já tem uma primeira batalha, a de conseguir evitar que o Governo litoralize todos os organismos desconcentrados da administração pública no âmbito do PRACE. Uma luta que assumiu com os restantes deputados e presidentes das Federações socialistas do interior: «Essa tendência de levar tudo para o litoral é uma má política, mas nós vamos lutar para que haja uma distribuição de serviços por todo o território», promete, adiantando que os guardenses precisam de «sinais no PRACE» para perceberem as suas vantagens. Caso contrário, «será muito difícil cativar as pessoas para uma regionalização com cinco regiões», admite. Uma preocupação que já terá sido manifestada ao Governo. De resto, para o líder dos socialistas da Guarda a grande região Centro «já é um dado adquirido», pois, em 1998, o processo perdeu devido ao modelo proposto, refere. Outra luta vai ser a manutenção da maternidade da Guarda: «É um assunto inegociável», insiste Fernando Cabral.

Luis Martins

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