No dia em que se iria discutir e votar na Assembleia Municipal (AM) o Plano Plurianual de Investimentos para 2004, acabou por ser a ausência total dos deputados do Partido Socialista o facto político de maior relevância. Um “boicote” que terá ficado a dever-se à entrega tardia dos documentos e provocou a ausência de uma discussão aprofundada sobre as obras perspectivadas para o desenvolvimento do concelho. A “voz” da oposição coube unicamente aos dois deputados da Coligação Democrática Unitária (CDU).
«Não é com 48 horas de antecedência que se podem analisar cabalmente as opções do plano», explica o líder da bancada socialista, Artur Meireles, criticando o facto dos documentos apenas terem sido entregues na quarta-feira de manhã. Por seu turno, o presidente da Assembleia Municipal, Carlos Abreu, refutou os argumentos dos socialistas, garantindo que foram entregues no prazo «estipulado pela lei», ou seja, 48 horas antes da realização da Assembleia Municipal. «Houve alguns documentos que foram entregues pessoalmente nas sedes dos partidos na terça-feira, porque sofreram rectificações durante o fim-de-semana», admite, garantindo que mesmo assim tudo foi entregue de acordo com a lei. «Só o PS é que recebeu os documentos na quarta-feira de manhã por sua única e exclusiva culpa», critica. É que, de acordo com o presidente da AM, a sede do partido estava fechada e, depois de terem avisado o líder da bancada PS para levantar os documentos nesse dia, este apenas o terá feito na quarta-feira. «Ainda assim, são 53 horas antes da Assembleia Municipal», adianta Carlos Abreu. «Se tivessem sido entregues atempadamente, mandava-se pelo correio e não haveria a necessidade de andar a bater à porta», respondeu Meireles.
Para Carlos Pinto, a ausência do PS é «profundamente negativa», ainda para mais por se tratar do debate sobre o Plano e Orçamento para 2004. «Quando uma bancada, que se pretende ambiciosa em termos de política local, está ausente deste parlamento significa que não atribuem grande importância à vida municipal», acusa. No entanto, Carlos Pinto desvalorizou a ausência de Miguel Nascimento, vereador eleito pelo PS na Câmara da Covilhã. «O vereador não é obrigado a estar [presente] na AM. O que me parece da maior relevância é que quem devia estar não esteve presente».