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Sobras alimentares ajudam famílias da Guarda

«Cerca de 5 a 10 por cento» de excedentes dos três refeitórios municipais são distribuídos diariamente aos mais carenciados

Um casal com cinco filhos foi uma das famílias contempladas na última segunda-feira com sobras do refeitório da Câmara da Guarda, dia em que O INTERIOR foi ver “in loco” como se desenrola o projeto que o município implementou recentemente para apoiar agregados carenciados.

A nutricionista da autarquia e responsável pela gestão dos três refeitórios municipais – ao do edifício da Câmara Municipal, juntam-se os do Centro Escolar da Sequeira e do jardim de infância de S. Miguel – indica que o projeto tem «corrido bem» nos primeiros dias. Dânia Dinis esclarece que as sobras «não são excessivas», até porque isso «faz parte de uma boa gestão do refeitório». Deste modo, existe «cerca de 5 a 10 por cento de sobras diariamente e foi com esse objetivo que criámos este projeto em conjunto com a ação social para as distribuirmos a famílias carenciadas». Esclarece que os excedentes são «os alimentos que são confecionados e podem ser reaproveitados porque não chegam a ser distribuídos» e que se tratam de refeições completas quando existirem sobras para tal. «Por vezes, poderemos só ter sobras da sopa, mas normalmente temos sobra da refeição completa, do prato e da sopa. Da sobremesa é que não costumamos ter porque, em regra, é fruta e conseguimos que seja reaproveitada para o dia seguinte», indica.

A nutricionista explica que a gestão dos refeitórios é «feita individualmente», sendo que no do município são servidas uma média de 80 refeições diárias, de 220 para as crianças do pré-escolar e 1º ciclo, enquanto que no jardim de infância de S. Miguel a média é de 130 refeições diárias e no Centro Escolar da Sequeira de 220. A vereadora da ação social salienta que o projeto destina-se a «darmos algum contributo, sabendo que não resolvemos os problemas todos, mas minimizamos os problemas de várias famílias do concelho». Elsa Fernandes adianta que a iniciativa será «para continuar enquanto sentirmos que há necessidade e há capacidade nos nossos refeitórios de haver esta continuação», sendo que o programa tem uma «avaliação trimestral e a lógica não é apoiar permanentemente as mesmas famílias». Já Olívia Garcia, assistente social da autarquia, explicou a O INTERIOR que as famílias apoiadas são escolhidas em função do agregado e das sobras que houver em cada dia: «Escolhi esta família [um casal com cinco filhos, incluindo um recém-nascido] porque sobraram duas doses de criança e duas doses de prato de peixe que vou atribuir mais duas sopas. Há ainda uma sobra de carne e mais duas sopas que irei atribuir a outra família», indicou.

Trata-se de uma família que tem «algumas dificuldades» e em que a sobra «pode ser um benefício», considerou, adiantando que «ultimamente temos identificado muitas famílias em situações de desemprego, com baixos rendimentos per capita e muitos elementos no agregado familiar». Feito o telefonema para esta família, o casal rapidamente chegou à autarquia, acompanhados do seu “rebento” mais novo. Fátima Arrifano realçou que as sobras atribuídas pela Câmara são «uma boa ajuda principalmente para as crianças e também para nós», já que «o meu marido agora está desempregado e só com o meu salário a entrar em casa é mais complicado». As refeições dadas pela autarquia serviram para o jantar de segunda-feira e o seu marido, Jorge Arrifano agradeceu a ajuda e disse que «se nos derem mais vezes será muito bom».

Beneficiários terão que residir na área do município há um ano

De forma a garantir «a transparência e igualdade de oportunidades de acesso a todos os potenciais beneficiários», a Câmara informa que os interessados «devem formalizar a respetiva candidatura e fornecer os elementos para verificação dos requisitos e condições de atribuição».

Os beneficiários terão que «residir na área do município há, pelo menos, um ano», «fornecer todos os meios necessários para recolha dos elementos constantes da ficha de identificação, nomeadamente ao nível da avaliação da situação de carência», «permitir aos serviços de ação social o acesso a todas as informações relevantes para efetuar a avaliação da situação». Entre outras condições, «o rendimento per capita não poderá ser superior a uma vez e meia o valor da pensão social (284,28 euros para o ano em curso)». Tendo em conta que a atribuição «não é diária nem em quantidades fixas, o beneficiário ficará dependente de confirmação diária, pelo sector de ação social via telefone, da disponibilidade de alimento e respetiva quantidade». De forma a contemplar o maior número de pessoas, «de forma equitativa, poderá ser feita uma escala dinâmica dos beneficiários». Por outro lado, a atribuição do apoio «possui carácter transitório e está sujeito a avaliação trimestral evitando que os beneficiários permaneçam nesta condição». Mais informações poderão ser obtidas através do telefone 271220271.

Ricardo Cordeiro Foram quatro as doses de sopa que sobraram na última segunda-feira no refeitório da autarquia

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