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SNS – Extinção ou reforma? – III

Esferorragia

Em relação aos primeiros considero que os médicos se deveriam organizar em sociedades ou cooperativas (admitindo como parceiros/sócios enfermeiros ou pessoal administrativo) e tomar nas suas mãos a gestão das unidades de saúde já existentes mediante candidatura ou formar outras novas. Essas unidades assumiriam o compromisso de funcionar em convenção com o SNS garantindo em contrapartida a manutenção dos descontos para a caixa geral de aposentações e ADSE e respectivas regalias. No caso dos médicos não quererem essa responsabilidade o Estado abriria concurso público para concessão de gestão a qualquer outra entidade e os médicos simplesmente mudariam de patrão ou em último caso garantiria a manutenção do funcionamento das unidades de saúde como até aqui até ao aparecimento de candidaturas.

Em relação aos hospitais a realidade é muito mais complexa pela sua dimensão estrutural e funcional. Partilho a opinião daqueles que acham que pode haver uma solução que passe pela separação das actividades hospitalares em áreas distintas nomeadamente as áreas hoteleira e de suporte administrativo (da responsabilidade directa da entidade administradora que poderia sub-concessionar como no caso da segurança, p.ex.), de investimento e exploração de equipamento médico/tecnológico (da responsabilidade da tal entidade ou do corpo clínico) e a área clínica propriamente dita da responsabilidade dos clínicos que de alguma forma se organizariam de modo a salvaguardar os seus interesses perante a entidade administradora no que diz respeito aos aspectos contratuais e de desempenho profissional.

Bem sei que tudo isto pode parecer utópico ou ingénuo (ou mesmo um delírio neo-liberal de ex-esquerdista arrependido, o que rejeito de todo) mas, embora envolta num nebuloso contorno de dúvidas, é a ideia que considero com mais potencial para globalmente corresponder aos anseios de profissionais e de utentes e portanto da sociedade no que à saúde diz respeito.

As leis que aí estão à porta permitem tudo isto mas permitem igualmente a exploração desenfreada da prestação de cuidados de saúde por parte de grupos financeiros poderosíssimos e isto de termos um Ministro da Saúde, gestor e ex-empregado de um desses grupos que por acaso é parte interessada no negócio nunca me cheirou lá muito bem mas…devem ser os meus residuais complexos de esquerda.

Por: Vasco Queiroz

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