Ao analisarmos um território, tentando compreender a distribuição de assentamentos de período romano, facilmente compreendemos que existem diferentes tipologias, isto é, a função dos sítios seria diferente.
Foi com base nesta distinção que diversos autores optaram por efectuar uma tipologia de assentamentos, sendo vários os critérios de distinção, como a dispersão dos vestígios arqueológicos no terreno, a presença de materiais importados ou de carácter ostentatório, como colunas, mosaicos, terra sigillata, entre outros.
Antes de mais há que fazer a distinção entre aglomerados populacionais e estabelecimentos rurais. No primeiro grupo inserem-se as cidades, os vici e os castra. As primeiras seriam os mais importantes, de fundação romana, enquanto que os últimos eram os povoados fortificados, de altura, com ocupação pelo menos desde a Proto-História. A investigação arqueológica tem comprovado que nem todos os castros foram abandonados com a ocupação romana, chegando até nós algumas denominações, através da epigrafia, como Meidobriga (Freixo de Numão), Civitas Aravorum (Marialva), entre outras.
Nos estabelecimentos rurais, cuja função seria a exploração dos recursos naturais, enquadram-se as villae, as granjas e os casais. As primeiras eram as que apresentavam fundus de maior dimensão e onde se encontram vestígios de maior sumptuosidade. Os casais correspondiam a pequenas unidades de exploração, possivelmente correspondentes a um núcleo familiar.
Existiam ainda outros assentamentos, como a mutatio e a mansio, estabelecimentos distribuídos ao longo das estradas e que tinham como função dar apoio aos viajantes. No primeiro caso tinham alimentação e trocavam animais, enquanto no segundo tinham alojamento e termas.
Estudos efectuados em diversos locais, como Egitania (Idanha-a-Velha), permitem-nos verificar a existência de uma civitas, tendo na sua área de influência directa diversos casais, que certamente abasteciam a cidade de produtos agrícolas, metalúrgicos, entre outros. Um pouco mais afastado localizavam-se as granjas e as villae (estas em menor número), possuindo nas suas áreas de exploração casais.
Não queremos terminar sem referir que este modelo que apresentamos corresponde a uma hipótese de trabalho, cuja análise tem por base prospecções arqueológicas. A realização de escavações em diversas estações, de diferentes tipologias, poderá trazer novas informações.
Com base neste estudo compreendemos que a paisagem teria várias estações romanas, com características específicas, no fundo como forma de melhor explorarem e adaptarem-se ao território.
Por: Vítor Pereira