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Sistemas de Captação de Água

Nos Cantos do Património

Quando passeamos por entre as aldeias do Interior do país, algumas das suas características chamam-nos a atenção. Acima de tudo a paisagem mantém traços de tradição, originalidade, testemunhos da acção do Homem.

Sem dúvida, quando observamos, por exemplo, os sistemas tradicionais de captação de água, apercebemo-nos que ao longo dos séculos a mesma tipologia de sistemas foram utilizados por comunidades agrícolas, na tentativa de obter água para as suas culturas. Verificamos que em locais algo inóspitos, onde a cultura de hortícolas é difícil pela qualidade dos solos, o Homem teve de criar engenhos que permitissem o “amanho” da terra.

Existem diversos sistemas de captação de água, como as noras e as picotas. De tradição árabe, a sua utilização em meios rurais, afastados de grandes centros urbanos, levou a uma persistência na sua utilização e durante séculos foi a única forma de conseguir irrigar as terras. Todavia, com os mecanismos modernos as formas tradicionais são completamente ultrapassadas e substituídas, ficando ao abandono, em ruína.

Apesar de não possuírem utilização actual a sua existência na paisagem marca uma época, uma actividade, uma tradição. O facto de desaparecerem leva ao esquecimento de séculos de História. O melhor caso corresponde às picotas, também denominadas cegonhas. A sua construção singela, com uma pedra colocada verticalmente e um peso na horizontal, leva a que após o seu abandono entre em ruína e em pouco tempo nada resta.

De facto, para além da desertificação populacional do Interior, do abandono da actividade agrícola, devemos preocuparmo-nos também com o abandono do património construído, cujo desaparecimento apaga da nossa paisagem “engenhos” criados pelo Homem. Não só os castelos, as pontes, os solares devem ser preservados, mas também picotas, noras, moinhos movidos com a força motriz da água… pequenos instrumentos utilizados pelo Homem no seu dia-a-dia e que, no fundo, constituem uma “mais valia” para a Beira Interior.

Por: Vítor Pereira

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