A interacção, cada vez maior, entre a ciência e a tecnologia tem-se revelado a matriz fundamental dos avanços científico-tecnológicos a que o Homem tem assistido num últimos anos. As aplicações tecnológicas que têm sido desenvolvidas são fruto de uma investigação realizada por diversos ciências fundamentais no sentido de desbravarem muito terreno inexplorado, bem como de aprofundarem muito do que já foi explorado, tendo sempre como objectivo uma melhoria das condições de vida do Homem.
Uma interacção que tem resultado muito profícua é entre a Física e a Medicina, mais especificamente a medicina nuclear. Um exemplo desta sinergia é a Ressonância Magnética Nuclear – RMN. Esta técnica é usada como mecanismo para formar imagens internas de corpos humanos e de animais, bem como de seres microscópicos. Esta técnica de diagnóstico utiliza um campo magnético para produzir imagens das estruturas existentes no interior do corpo. A imagem por Ressonância Magnética explora a mini-magnetização natural do átomo mais abundante do corpo humano, o hidrogénio o qual contém apenas um protão e apresenta por isso um pequeno momento magnético. O contraste entre os diversos tecidos do corpo humano (normais e patológicos) é assim criado em função do número de átomos de hidrogénio existentes num determinado tecido e do meio onde se encontram. Trata-se de um método, que quando bem aplicado, é inócuo uma vez que não utiliza radiação ionizante como os raios X, apresentando risco e efeitos secundários mínimos. A técnica de diagnóstico que tem como base a utilização dos raios X é a Tomografia Axial Computorizada – TAC,
A Tomografia Axial Computorizada é uma técnica especial de radiografia que se socorre de tecnologias computorizadas para tratar os dados informaticamente e a partir daí, construir imagens transversais do corpo em diferentes planos. A TAC utiliza raios X que são ondas de radiação electromagnética de baixo comprimento de onda que quando atingem o organismo são absorvidas pelos diferentes tecidos, devido ao facto dos diferentes tecidos não apresentarem os mesmos valores de densidade. Desta forma, os raios X depois de atravessarem o corpo irão ser analisados e construídas as respectivas imagens. O resultado de uma TAC é, pois, uma série de imagens de cortes do corpo, que mostram o que existe em cada nível específico.
Estas imagens são baseadas na quantidade de raios X que atravessam os tecidos que apresentam diferentes densidades. Olhando para uma TAC observamos regiões brancas, associadas a ossos compactos que não permitem praticamente a passagem de raios X, e regiões pretas associadas a uma completa passagem dos raios X. Entre estes dois extremos, vamos ter toda uma diversidade de cinzentos, em função da densidade dos tecidos atravessados.
Estes dois exemplos representam as sinergias criadas entre a investigação fundamental e as aplicações tecnológicas, uma vez que a partir do conhecimento do comportamento dos diferentes tipos de radiação electromagnética foi possível desenvolver várias técnicas fundamentais no diagnóstico e tratamento de inúmeras doenças que afectam os indivíduos.
Por: António Costa
