Vuvuzela 1
Recentemente veio-me à memória um acidente horrível ocorrido na região de Lisboa, já lá vão uns anitos, em que uma criança ao brincar num parque urbano foi atingida por uma roda que se soltara de um pesado. A estrada passava lá bem em cima e nada fazia prever num acidente desta natureza. São os acasos, os imprevistos e as raridades os responsáveis por acidentes, porque na realidade fossem previsíveis não aconteceriam. Só mais recentemente percebi a razão pela qual este acidente passado bem longe daqui e do qual só tive conhecimento pela TV, me apareceu bem vivo como se tivesse ocorrido ontem. Circulo na VICEG diariamente, a maioria das vezes atento à estrada, mas com pensamentos longínquos, próximo das piscinas apercebi-me que havia uma estrutura nova, ali a uns escassos metros do limite da estrada, os mais distraídos ficam informados que a referida estrutura é mesmo um parque infantil que para ali foi transferido. Um dia pode-se soltar um pneu, ou um carro se despistar, e lá encontrar uma criança em plena diversão. Nunca, mas nunca, poderemos falar em acidente, porque não se trata de um acaso ou de um imprevisto, simplesmente se tratará de um crime por negligência. Na realidade a VICEG tem um limite de velocidade de 80 Km/h, mas com frequência se circula mais rápido, mas o pior é que nessa zona se encontram os que circulam com os que têm ali o respectivo acesso. Responsabilidade técnica obviamente, mas também política.
Vuvuzela 2
Finalmente passou-se das palavras aos actos, porque já se tinha percebido que não somos ricos e que para criar novas estruturas precisamos de fundo de maneio. Não podíamos continuar a darmo-nos ao luxo de ter auto-estradas sem portagens. Agora preparemo-nos porque as próximas SCUT alvo serão as nossas e já foram mesmo anunciadas com pezinhos de lã. Em período de crise tudo é possível e tudo se permite.
Vuvuzela 3
As agências de “rating” controlam em voo circular pausado, tal como os abutres, a economia dos países mais pobres e frágeis da Europa e vão baixando lentamente e aproximando-se enquanto as vítimas agonizam. Esperam sem desesperar, porque o alvo é a moeda única. Fala-se em “lixo” grego e espanhol, adivinhando-se que na boleia vai o nosso país. A crise iniciou-se no mercado menos regulado americano, mas é este que continua a ditar as leis e a ditar as regras e as taxas de juro. Podemos confiar neles? Parece que não temos alternativa por agora. Precisávamos de desvalorizar a moeda, mas ela não é nossa.
Vuvuzela 4
Aguarda-se o relatório da Comissão em relação ao negócio PT/TVI, mas os resultados preliminares deixam Passos Coelho mais descansado porque não vai ser obrigado a apresentar a moção de confiança ao Governo tal como tinha prometido, correndo o risco de o fazer mesmo cair e ter que ir a eleições e formar governo numa época em que ninguém deseja governar.
Vuvuzela 5
A “equipa das quinas” começou hoje, 3ªfª a sua participação no Mundial das vuvuzelas. Tenho pouca esperança, porque embora seja formada por valores individuais milionários, na fase de acesso à competição, os resultados foram desastrosos e longe do referido valor. O estágio na Covilhã decorreu como era previsível, muito “show off”, pouca simpatia e pouca eficácia. Mais uma vez a nossa participação é rodeada de um caso, desta vez a clavícula do Nani. Ainda nos lembramos das jovens no Hotel durante um estágio com o técnico Oliveira precedida da greve dos jogadores em Saltillo.
Não gosto das Vuvuzelas e tenho esperança que esta Selecção me surpreenda, seria benéfico para a nossa auto-estima e permitiria que as medidas desagradáveis do Governo fossem melhor toleradas. Mas, por favor, alguém acabe com as vuvuzelas, parecem abelhas a rondar-nos ou mesmo até os abutres a vigiar-nos.
Por: João Santiago Correia