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Sinais do Tempo

I de ignorante

Sentado na pastelaria, apreciava o sabor amargo do café, quando fui surpreendido pela conversa em voz alta, na mesa do lado. Na realidade não se conversava, discutia-se.

Percebi então que o tema de tão enérgica discussão, era a ignorância.

«Chamou-me ignorante, isso não tem perdão», e acrescentava «então agora quando eu critico, passo a ser catalogado como ignorante!». O outro tentava acalmá-lo e com voz mais calma chamava a atenção do amigo, «o melhor mesmo era teres ficado calado, assim não passavas por este vexame». A discussão continuava, «dizem que lá estiveram a esmagadora maioria dos habitantes e eu não acredito, posso ser ignorante mas não sou burro, mostrem-me as receitas de bilheteira!».

Pensava eu que discutiam a recente polémica do TMG e as declarações do Sr. Presidente da Câmara e da Culturguarda, chamando ignorantes a todos os que criticaram a programação e os números de utilizadores desta excelente obra, publicamente anunciados. Enganei-me redondamente, só discutiam um qualquer jogo de futebol e a respectiva assistência. Terminei o meu café e saí. Afinal, também prefiro ser ignorante do que ser burro, seja qual for o tema em discussão. Para deixar de ser ignorante basta aplicar-me e estudar, mas para deixar de ser burro é muito mais difícil ou mesmo impossível. Ainda bem que o Sr. Dr. só nos quis fazer passar por burros, e nos chamou apenas ignorantes.

A de autárquicas

Ainda mal começaram as campanhas e a motivação é forte.

Desde o amor até à inspiração, as mensagens aí estão. Continua a faltar uma mensagem forte que nos convença da mudança. Falta saber o que os candidatos querem fazer em relação à especulação imobiliária, ao ordenamento, às questões ambientais, à requalificação e recuperação da zona habitacional velha da cidade, às ciclovias (com utilização real), às zonas realmente verdes, ao (des)emprego, às obras que demoram uma eternidade e ficam por valores muito para além do orçamentado, enfim os problemas concretos e sem demagogias eleitoralistas baratas. Não preciso do desenvolvimento do “novo rico”, prefiro viver numa cidade pequena mas arrumada, alegre e segura, em que todos se conhecem, solidária, com indústrias não poluentes e ribeiras realmente limpas.

O desafio começou, prognósticos só no dia 9 de Outubro.

I de imposto A de automóvel

O Ministro das Finanças anunciou as alterações ao cálculo do imposto automóvel, agravando os veículos mais poluentes. A ACAP não ficou satisfeita, porque queria o imposto pago em prestações. Estava-se mesmo a ver, era já agora! Os eventuais compradores de veículos novos também não ficaram contentes. Por mim aplaudo a medida, o Ministro revelou preocupações ambientais e conseguiu manter o espírito de tesoureiro do reino. Resta saber se as diferenças de preço serão realmente compensadoras.

Por: João Santiago Correia

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