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Símbolos de Poder

Nos Cantos do Património

São conhecidos alguns exemplares de machados de bronze, em estações arqueológicas regionais, como o caso dos dois machados encontrados na Pedra Aguda (Guarda). Todavia, a sua presença continua a despertar dúvidas quanto à sua tipologia, origem, funcionalidade…

Desde o Paleolítico são conhecidos instrumentos identificados como machados, em pedra, e que teriam funções diversas, como o corte. Ao longo dos tempos continuaram a ser utilizados, com tipologias semelhantes.

Com as intervenções arqueológicas verificou-se que alguns destes artefactos não exibem marcas de utilização, ou seja nunca foram utilizados. Uma das hipóteses prende-se com o seu carácter excepcional, raro nos sítios arqueológicos, o que levou os investigadores a definirem estes machados como elementos de prestígio, de status social, pertença do “chefe” do povoado, que o poderia exibir perante a população e entre outros povos, como forma de salientar o seu papel no contexto local e inter-regional. Não podemos esquecer que estes materiais seriam produzidos noutros locais, sendo trazidos para esta área por comerciantes de estanho (metal essencial no fabrico do bronze), sendo áreas controladas militarmente pelos “chefes”.

Estes machados surgem representados nas estelas e tampas de sepulturas, fazendo parte de um conjunto de artefactos pertença desses “chefes”. Neste caso, o machado surge associado a armas de guerra, fornecendo-lhe um carácter bélico, como será o caso de arcos, escudos e espadas. Nessas mesmas estelas surge a representação de uma figura humana, possivelmente a representação de um chefe.

Desta forma, a presença de machados, para além de evidenciar o fabrico de instrumentos com diferentes tipologias, pode ainda indicar quais os povos que participavam nas redes de comércio de longo curso, exibindo materiais de diferentes proveniências, isto é, materiais da área Sul da Península Ibérica eram levados para as Beiras, em troca de metais.

Achados semelhantes foram encontrados nas proximidades, Porto David (Pinhel), cuja origem / finalidade continua uma incógnita; seria um depósito votivo ou de refundição?

Muitas são ainda as dúvidas e poucas as certezas. Talvez com intervenções arqueológicas possamos resolver algumas questões, como esta das “oferendas” entre povos.

Por: Vítor Pereira

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