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Sida estabilizou no distrito da Guarda

Presidente da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida, Meliço Silvestre, fala amanhã sobre a doença no ciclo de conferências do CEI

Aquela que se tornou a grande epidemia do século XX continua a aumentar a um ritmo bastante acelerado por todo o país. No entanto, segundo os dados mais recentes, o Síndroma de Imunodeficiência Adquirida, mais conhecido por Sida, estabilizou no distrito da Guarda comparativamente ao ano passado. Apesar de ter registado um aumento significativo em relação a 2002.

Quando a Comissão Nacional de Luta Contra a Sida (CNLCS) e a Comissão Distrital de Luta Contra a Sida da Guarda inauguraram, há dois anos, o Centro de Aconselhamento e Detecção Precoce (CAD) do VIH/SIDA, da Guarda, tinham sido notificados no concelho, entre 1983 e Fevereiro de 2002, 36 casos de Sida, os quais originaram 19 mortes. Até ao dia 30 de Junho de 2004, no distrito da Guarda encontravam-se notificados 59 casos, que originaram 25 mortes. Segundo dados do Centro de Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis (CVEDT), do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, facultados pelo CAD da Guarda, esses casos encontram-se distribuídos por 40 casos de Sida, 4 de “Complexo Relacionado com Sida” (CRS) e 15 de Portadores Assintomáticos (PA). Dos quais faleceram 23 casos de Sida, 1 de CRS e 1 de PA. Mas comparativamente com o ano passado há a registar só mais um caso, que originou uma morte.

O encarregado de missão do Plano Nacional de Luta Contra a Sida, Meliço Silvestre, em declarações à Lusa, revelou que há 20 mil casos de sida notificados em Portugal. No entanto, o presidente admitiu que o número total de casos existente no país pode rondar os 30 a 40 mil. Isto porque «existe uma subnotificação dos casos de sida superior a 40 por cento», reconhece o presidente da CNLCS, por isso, com a notificação obrigatória que entra em vigor este mês podem aumentar os diagnósticos. «A nossa situação não é alarmante, mas preocupante», disse ainda o responsável pelo Plano Nacional de Luta Contra a Sida, acrescentando que «o tratamento gratuito dos portadores desta doença está assumido pelo Estado e os doentes continuarão, como até aqui, a ser tratados com dignidade». Segundo dados estatísticos, verifica-se ainda uma contínua diminuição do número de novos casos de infecção de jovens, dos 20 aos 34 anos. Foram diagnosticados 432 casos em 2001, 389 em 2002 e no ano passado 266 casos. No primeiro semestre deste ano só foram diagnosticados 73 jovens infectados. Em contrapartida há o aumento da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana em idosos.

O novo plano de combate à sida pretende que, dentro de dois anos, mais 30 por cento dos portugueses estejam devidamente informados sobre os métodos correctos de prevenção da infecção pelo vírus HIV que, em Maio de 2003, registava 21.977 casos notificados. O aumento da intervenção dos centros de saúde na prevenção é outra das metas do plano, que quer concretizá-la com a colocação de uma equipa multidisciplinar na área do HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) em 70 por cento destas unidades e investir na formação dos profissionais. Nesse sentido, a conferência dedicada aos “Desafios Biológicos: HIV/SIDA” irá debater estas e outras implicações amanhã, a partir das 9h30, na sala da Assembleia Municipal, na Guarda. A primeira conferência é apresentada pelo encarregado da CNLCS, António Meliço Silvestre (Universidade de Coimbra), prosseguido com Miguel Cordero Sánchez (Universidade de Salamanca). Esta é uma iniciativa inserida no 1º Ciclo de Conferências “Saúde sem Fronteiras”, organizado durante 2004 pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI).

Patrícia Correia

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