Arquivo

Sete noites, sete peças

Festival Internacional de Teatro da Guarda entra na recta final

As próximas sete noites equivalem a sete oportunidades para ver na Guarda outras tantas peças de teatro. Sem parar, o auditório municipal acolhe de hoje a quarta-feira os últimos espectáculos da XVª edição do Festival Internacional da cidade. Da comédia ao teatro/rock, passando pelo cine-concerto, a “stand-up comedy” e o teatro de marionetas, há de tudo e para todos os gostos nesta fase final de uma mostra que em Outubro vai prosseguir na tela da Mediateca VIII Centenário com o ciclo “Filmes e Teatro”.

Esta noite pertence às “Pedras Rolantes”, que é simultaneamente uma peça e um concerto ao vivo. Os cinco jovens elementos de uma banda de rock procuram o seu estilo e caminho no mundo da música, enquanto se preparam para tocar num importante festival. Com encenação de António Pires, a partir do texto de Pedro Ribeiro e Alexandre Cortez, esta produção conta com a interpretação de Diogo Dias, Margarida Vila-Nova, Afonso Pimentel, Graciano Dias e Paulo Pinto, que vivem os problemas com que se debate a juventude, como a toxicodependência, a sexualidade, as crises existenciais, os sonhos profissionais e a amizade. Para o fim fica a magia do primeiro concerto ao vivo, uma vez que cada espectáculo conta com a participação de um convidado especial (músico) que vai estar em cena para participar na acção da peça e actuar com a banda no final. A música continua em cena com a peça programada para amanhã. Trata-se de “Sudwestern”, de Edgar Pêra, uma espécie de “western-fado” gerado da relação entre o sentido trágico dos fadistas portugueses e o dos “cowboys” americanos do século XIX. O resultado é um cine-concerto onde o fado tradicional e bairrista está omnipresente e rivaliza com um vídeo-jamming de imagens de “cowboys”, faditas e das personagens que vão aparecendo em palco para cantar sobre as suas venturas e desventuras. Miguel Borges, Marina Albuquerque, Carla Bolito, To Trips, Pedro Gonçalves, Vítor Correia, Gustavo Sumpta, Suzie Peterson, David Almeida e Paulo Pinto são os protagonistas, sob a direcção de Carla Bolito e música ao vivo dos Dead Combo.

Camões filho de Baco

Para sábado está prevista a comédia “Extracelestes”, pelos espanhóis da Spasmo Teatro. No reino dos céus, quatro personagens fazem rir sem utilizar palavras graças a uma mímica carregada de ironia mordaz. A peça resulta de uma criação colectiva do grupo de Salamanca e é dirigida por Jordi Purti, com interpretação de José Gabriel Sanchez, Jesus Martin, Vicente Martín, Álvaro Sanchez e Isaac Tapia. Vem depois o “one man show” de Paulo Matos em “Trifásico”, em cena no domingo. Este espectáculo de “stand-up comedy”, com textos de Luísa Costa Gomes, fala de nós, das nossas vidas e do nosso mundo. Na segunda-feira regressa a paródia com a produção

“Talvez Camões”, da Companhia Chapitô. É uma comédia visual e musical à volta da vida de Camões e dos “Lusíadas”, em que Jorge Cruz, José Carlos Garcia e Rui Rebelo brincam com todas as incertezas históricas que existem acerca da vida do grande poeta. Nesta versão, encenada por John Mowat, Camões é o filho humano de Baco, Deus do Vinho, e autor de uma hilariante Odisseia.

Um dia depois sobe ao palco o teatro de marionetas “Rapatú”, pela companhia espanhola Tanxarina Títeres. Este espectáculo é inspirado num conto popular com grande presença na tradição oral da Galiza e Portugal. Conta a estória de uma rapariga casadeira, da sua horrorosa tia e do demo, que seduz ambas, num enredo protagonizado por marionetas de grande expressividade e música interpretada ao vivo pelos marionetistas da Tanxarina. A dramaturgia é de Quico Cadaval, enquanto Miguel Borines, Andrés Giraldez e Eduardo R. Cunha “Tatán” são os actores, manipuladores e músicos. A arte dramática despede-se deste festival, organizado pela Câmara da Guarda e o Aquilo Teatro, com a peça “Encerrona”, que Pepe Viyuela (Espanha) protagoniza na quarta-feira. Trata-se de uma metáfora sobre o quotidiano, onde todos estamos obrigados a existir e a “actuar”. A encenação é de Elena Blanco e a interpretação de Pepe Viyuela. A seguir ao teatro, funciona diariamente na sede do Aquilo Teatro, no Largo do Torreão, um café-concerto com espectáculos de música alternativa e performances.

Luis Martins

Sobre o autor

Leave a Reply