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Serra da Estrela esquecida na direção da Turismo do Centro

Não há nenhum representante do extinto polo da Serra da Estrela nos novos órgãos sociais da Turismo do Centro. Júlio Sarmento protesta e denuncia que se «está a preparar um cenário para o turismo da região se concentrar no eixo Leiria-Coimbra-Aveiro».

A Turismo do Centro de Portugal (TCP), que passou a integrar a extinta Turismo da Serra da Estrela, já está em funções mas com polémica. Por cá, Júlio Sarmento considera «inadmissível» que nenhum representante dos concelhos que faziam parte do polo turístico faça parte dos novos órgãos sociais, eleitos na passada quarta-feira.

«Está-se a preparar um cenário para o turismo da região Centro se concentrar no eixo Leiria-Coimbra-Aveiro e isso é inadmissível», critica o autarca de Trancoso, adiantando que será preciso fazer «uma pequena revolução» para contestar a situação. «Eu vou fazer barulho contra esta veleidade e já escrevi ao presidente da nova entidade regional a dar conta do meu protesto, espero que outros façam o mesmo, nomeadamente o presidente da sede do distrito e os deputados na Assembleia da República, pois está-se a subalternizar a Serra da Estrela, que é um importante ativo turístico no contexto regional», acrescentou o também líder da distrital do PSD. Na sua opinião, este «esquecimento» resulta do «centralismo de Coimbra, que só olha para os ovos moles de Aveiro e para o milagre de Fátima, defendendo os interesses de José Miguel Júdice [dono da Quinta das Lágrimas]». O INTERIOR contactou a assessoria da TCP sobre esta matéria, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.

Apenas uma lista concorreu à direção da Turismo do Centro, tendo sido eleita por «95 por cento dos votos, representando cerca de 52 por cento do universo eleitoral», adianta a entidade em comunicado. Pedro Machado mantêm-se na presidência da comissão executiva, que é composta por Ribau Esteves, autarca de Ílhavo, e Paulo Homem Fonseca (presidente da Câmara de Ourém). Jorge Almeida, em representação da AHRESP (Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal), e Paulo Inácio, dos municípios, foram os elementos cooptados. A Assembleia-Geral é presidida por Joaquim Morão (edil de Castelo Branco), enquanto o Conselho de Marketing é composto, entre outros, por Paulo Fernandes (autarca do Fundão e presidente da Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto) e o empresário Luís Veiga, do grupo IMB Hotels. O mandato dos novos órgãos sociais é de cinco anos.

A TCP abrange agora cem municípios e, de acordo com os estatutos, vai ter sete delegações, entre as quais a da Serra da Estrela (a que corresponde o território das NUTIII Serra da Estrela, Beira Interior Norte e Cova da Beira). Na tomada de posse, realizada na sexta-feira em Ílhavo, Pedro Machado defendeu a necessidade de reposicionar os destinos turísticos da região de forma a reduzir a sazonalidade e aumentar a estadia média dos visitantes. Na cerimónia presidida pelo secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, o responsável também solicitou ao Governo que reavalie as portagens na antigas SCUT: «Estamos rodeados pela A23, A25, A17, A29 e A1 e em todas elas temos um encargo suplementar para quem nos visita. Isto não é animador nem incentivador da atividade para o setor turístico», sublinhou o presidente da Turismo do Centro.

Manter a região como o primeiro destino dos portugueses e torná-la numa das regiões de «referência nacional» na capacidade de captar turistas estrangeiros são alguns dos objetivos da nova direção, que aposta na valorização do cliente, na sustentabilidade e na envolvente competitiva. A direção tem 30 dias para apresentar ao Governo um plano de reestruturação desta nova entidade. «O objetivo é procurar ganhar operacionalidade e eficácia, reduzir a despesa de funcionamento e libertar os meios para a promoção», disse Pedro Machado.

Luis Martins Estatutos dizem que nova entidade vai ter uma delegação na região da Serra da Estrela

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